Vitória em Londres pode ser a única boa notícia para Labour de Corbyn

Trabalhistas devem perder vários bastiões, o que representa teste para o seu líder. Contagem de votos só termina no domingo
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Os relógios marcavam as 22.00, mas as televisões britânicas não estavam em contagem decrescente para revelar as sondagens à boca das urnas nas eleições locais inglesas e parlamentares na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Nos ecrãs, grupos de pessoas debruçavam-se sobre mesas enquanto procediam à contagem de votos em direto e durante várias horas nos rodapés ia estar a frase "a aguardar resultados". Alguns só serão conhecidos no domingo, mas o nome do futuro presidente da câmara de Londres é revelado já hoje. Era esperada a vitória do trabalhista Sadiq Khan, frente ao conservador Zac Goldsmith, mas essa pode ser a única boa notícia para o Labour e Jeremy Corbyn.

Khan, filho de imigrantes paquistaneses, de 45 anos, chegou ao dia das eleições com uma vantagem de mais de dez pontos percentuais face ao rival. Caso esses números se confirmem nas urnas, poderá tornar-se no primeiro muçulmano à frente da câmara de uma capital da Europa Ocidental, e devolver a câmara de Londres ao Labour após oito anos de governo conservador de Boris Johnson.

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Polémicas de última hora, com Goldsmith a acusar o adversário de dar "oxigénio" aos "extremistas" islâmicos, podem contudo ainda trazer surpresas, assim como a fraca participação que era esperada num dia de calor no Reino Unido.

Os britânicos têm estado mais concentrados na campanha para o referendo sobre a continuação ou não do país na União Europeia do que nas eleições locais. Johnson, que abdicou de concorrer a um terceiro mandato em Londres (com os olhos postos na liderança do Partido Conservador e em suceder a David Cameron no poder), é o principal rosto da campanha do brexit. Uma sondagem publicada na véspera das eleições dizia que teria conseguido vencer Khan.

A escolha do novo presidente da câmara de Londres (a votos foram também Liverpool, Bristol e Salford) era a parte mais visível das eleições no Reino Unido, que servem ainda para renovar o Parlamento da Escócia, a Assembleia Nacional do País de Gales e a da Irlanda do Norte e eleger os representantes de 124 condados ingleses (e 2750 lugares em disputa). E aí as previsões não eram boas para Corbyn, eleito líder da oposição depois do desaire eleitoral do Labour de Ed Miliband nas legislativas de 2015.

O cenário era de tal forma negro (havia quem falasse na perda de 150 lugares para os trabalhistas, que seriam distribuídos pelos conservadores, os liberais-democratas e até os independentistas do UKIP) que depois de Corbyn expressar a sua confiança de que o Labour iria ganhar lugares, o seu porta-voz veio clarificar: "Não estamos no negócio de perder lugares e vamos lutar para ganhar o máximo possível amanhã." Identificado como "socialista democrático", Corbyn puxou o partido mais para a esquerda e há quem não acredite que será o homem para levar de novo o Labour à vitória nas legislativas de 2020.

Escócia e País de Gales

As atenções às primeiras horas de contagem de votos estavam viradas para a Escócia, onde o Partido Nacionalista Escocês esperava manter a maioria de votos no Parlamento e reeleger Nicola Sturgeon como primeira-ministra. Aqui o risco para o Labour era saber se iria continuar como o segundo partido mais votado ou ser ultrapassado pelos conservadores.

Na eleição para a Assembleia Nacional do País de Gales (a única para a qual foi revelada uma sondagem YouGov para a ITV feita no dia, mas não à boca das urnas), os trabalhistas deviam perder três lugares, mas mantêm a maioria (27). Os conservadores e os liberais-democratas perdem três cada (para 11 e 2, respetivamente), com o UKIP a conseguir os primeiros oito lugares do parlamento regional. Os nacionalistas galeses do Plaid Cymru tornam-se na segunda força mais votada, passando de 11 para 12.

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