Vídeo de reunião ministerial prova que Bolsonaro quis interferir na polícia
"Eu não vou esperar f**** a minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança (...) Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele, não pode trocar o chefe, troca o ministro", diz presidente. As frases confirmam acusações de Sergio Moro
"Vou interferir e ponto final", diz Jair Bolsonaro durante uma reunião com os seus ministros no final de abril.
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"Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f**** minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira".
A divulgação do vídeo foi autorizada pelo juiz Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (22/05), no âmbito de uma inquérito que também envolve Sergio Moro. O ex-ministro da justiça acusou o presidente de interferir no comando da polícia federal no seu discurso de demissão.
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Dois filhos de Bolsonaro, o senador Flávio e o vereador Carlos, são alvo de investigações - o primeiro num caso de corrupção e lavagem de dinheiro por desvio dos salários dos seus assessores e o segundo por supostamente comandar um esquema de notícias falsas. A família do presidente, embora não seja investigada, também vem sendo citada no caso da execução da vereadora Marielle Franco, em 2018.
Noutros pontos do vídeo, Bolsonaro chama os governadores do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Manaus, todos favoráveis ao confinamento, de "bostas" e de "estrume".
Diz ainda que quer "armar o povo" para "evitar uma ditadura". "É fácil importa uma ditadura aqui, facílimo".
O ministro da educação, Abraham Weintraub, afirma querer "prender os vagabundos dos juízes do STF".
Houve cortes em trechos que mencionam outros países, a pedido de Bolsonaro. "Só peço: não divulga a fita toda", disse o presidente na véspera da decisão de Celso de Mello. "Tem questões reservadas, tem particularidades ali, tem dois pedacinhos de 15 segundos que eu falei de política externa que não pode divulgar. O resto, divulga", completou.