Quase um quarto (24%) da população venezuelana, cerca de sete milhões de pessoas, precisa de ajuda humanitária, denuncia esta quinta-feira um relatório da ONU, destacando também que a desnutrição e as doenças estão a aumentar naquele país em crise..Este relatório foi entregue ao Presidente venezuelano contestado Nicolás Maduro, que responsabiliza as sanções económicas impostas pelos Estados Unidos pela atual situação do país, e ao opositor e autoproclamado Presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, que exige a saída do poder do líder chavista..Segundo o documento de 45 páginas, que cita dados de universidades venezuelanas, mais de 94% da população da Venezuela vivia na pobreza em 2018, dos quais 60% numa situação de pobreza extrema..O consumo de carne e de legumes caiu entre 2014 e 2017, indica o documento, salientando, entre outros indicadores, que o consumo de leite desceu 77%..O relatório da ONU frisa que cerca de 3,7 milhões de pessoas sofrem de desnutrição, um flagelo que afeta 22% das crianças com menos de 5 anos..Outro aspeto denunciado pelo documento das Nações Unidas é o ressurgimento de doenças como a tuberculose, difteria, malária ou hepatite A, por causa, em grande parte, da falta de acesso à água potável..O documento lembra que só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida..Também dados recentes das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.."É preciso ainda mais ação para enfrentar as crescentes necessidades da população venezuelana", destacaram os autores do relatório da ONU, citados pelas agências internacionais..A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o opositor e presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro..Cerca de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como presidente interino da Venezuela encarregado de organizar eleições livres e transparentes naquele país..Na Venezuela, a confrontação entre as duas fações tem tido repercussões políticas, económicas e humanitárias..No território venezuelano residem cerca de 300 000 portugueses ou lusodescendentes.