Oposição considera que Assembleia Constituinte será o fim de Maduro
A Assembleia Nacional Constituinte (ANC), com a qual o Governo quer mudar a Constituição para reforçar a "revolução", vai ser eleita apenas com a participação dos apoiantes do regime e entre uma vaga de protestos contra o Governo, além da rejeição de boa parte da comunidade internacional.
A aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) considera, segundo explicou um dos seus porta-vozes, Freddy Guevara, que a partir de segunda-feira os venezuelanos que desejam uma mudança de Governo vão tomar "novas ações táticas e estratégicas" para realizar esse desejo.
O deputado sublinhou que a votação será uma "fraude eleitoral" e mostrou-se seguro de que não terá o reconhecimento da comunidade internacional.
"Esta falsa constituinte não vai cumprir nenhum dos objetivos que tinham traçados. O primeiro, de ter um financiamento paralelo, não autorizado pela Assembleia Nacional (parlamento), a nível internacional, porque toda a comunidade internacional deixou claro que não vai reconhecer esta fraude", incluindo a Colômbia e Panamá.
O segundo objetivo é usar a Constituinte como um mecanismo de "medo e chantagem" para assustar os dirigentes políticos, o que também não vai funcionar, disse.
Por seu lado, Maduro comprometeu-se, no sábado à noite, a perseguir os seus inimigos políticos com os poderes quase ilimitados da Assembleia Constituinte.
Num discurso transmitido pela televisão estatal, Maduro afirmou que quer que a Constituinte retire a imunidade de acusação e detenção aos deputados da oposição, pelo menos uma vez.
"Este pequeno Hitler tem a sua cela garantida", gritou o Presidente venezuelano, usando a sua alcunha habitual para Freddy Guevara.
A oposição está a boicotar a eleição de hoje, por isso todos os 5.500 candidatos para os 545 lugares na Assembleia Constituinte são apoiantes do Governo.
Maduro manifestou a sua vontade de processar muitos outros membros da oposição.
"A direita já tem as suas celas na prisão à espera. Todos os criminosos irão para a prisão pelos crimes que cometeram", disse.
O Presidente disse ainda que a primeira tarefa da Assembleia Constituinte ao reescrever a Constituição será "a total transformação" do gabinete da procuradora-geral da Venezuela, uma antiga apoiante do Governo que se tornou o mais elevado cargo da administração a afastar-se publicamente do Presidente.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou no sábado ter todo o material eleitoral nos centros de votação, com a logística preparada para a eleição.
"Temos dificuldades (...) apenas em oito municípios", quatro em Táchira e quatro em Mérida, disse a presidente do CNE, explicando que os centros de votação nessas localidades foram atacados por manifestantes.
As urnas estarão abertas a partir das 06:00 horas locais (11:30 horas em Lisboa) e 364 dos candidatos eleitos terão representação territorial (nacional) e 173, setorial ou local. O encerramento dos centros está previsto para as 18:00 horas locais (23:30 em Lisboa), se não houverem eleitores em fila para votar.