Chavistas e opositores vão marchar a favor e contra a Assembleia Constituinte
Simpatizantes do Governo venezuelano e militantes da oposição vão marchar, quinta-feira, até à sede do parlamento, uns defendendo a instalação da nova Assembleia Constituinte (AC) e os outros em protesto contra o que dizem foi realizado fraudulentamente.
O anúncio da manifestação a favor da Constituinte foi feito pelo presidente da Comissão Presidente para a AC, Elías Jaua e, explicou, terá como propósito acompanhar os candidatos eleitos.
Em declarações à rádio "YVKE Mundial" explicou que a manifestação chavista terá lugar pelas 09:00 horas locais (13:00 horas em Lisboa) e partirá da sede da empresa telefónica estatal (CANTV), até ao Palácio Federal Legislativo.
Na tarde de hoje umas três centenas de pessoas concentraram-se junto de uma das sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Plaza Venezuela, Caracas, para celebrar a entrega de acreditações aos candidatos eleitos.
Entre os candidatos que receberam a creditação está Cília Flores (mulher do Presidente da República), Iris Varela (ministra de prisões), Delcy Rodríguez (ex-MNE) e Nicolás Maduro Guerra, filho do primeiro mandatário venezuelano.
Entretanto, espera-se que o Presidente Nicolás Maduro presida ao ato de instalação da nova Assembleia Constituinte, que estava previsto para o dia de hoje, no Poliedro de Caracas.
Ainda em Caracas, segundo fontes não oficiais, dezenas de "coletivos" (motociclistas armados afetos ao regime) concentraram-se nas proximidades da sede principal do CNE, em protesto porque alegadamente nenhum dos seus candidatos foi eleito.
Terça-feira a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) convocou os venezuelanos para marchar, quinta-feira, até à sede do parlamento, contra a instalação da nova AC. A marcha estava inicialmente prevista para quarta-feira, mas depois foi adiada.
A oposição marchará desde cinco pontos distintos de Caracas, Santa Fé, Parque Cristal, Bello Monte, Altamira e Caurimare, maioritariamente no leste da capital, até ao parlamento (sede), a partir do meio-dia local (17:00 horas em Lisboa).
A nova AC funcionará no Palácio Federal Legislativo, onde está o parlamento, que os socialistas já advertiram poderá ser dissolvido.
O próprio Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao celebrar os resultados das eleições de domingo, num ato na Praça Bolívar de Caracas, dizia que a nova AC seria usada para promover o diálogo e paz nacional, mas também acabar com a sabotagem opositora, a guerra económica e reestruturar o Ministério Público.
"Acabou-se a sabotagem da Assembleia Nacional. A Constituinte chegou para pôr ordem", afirmou.
A nova AC, que segundo a legislação em vigor tem poderes que o próprio Chefe de Estado está obrigado a respeitar, vai criar, segundo Nicolás Maduro, uma poderosa comissão pela verdade, justiça, reparação das vítimas e paz, que terá como tarefa inicial levantar a imunidade dos parlamentares opositores e dissidentes do chavismo e fazer justiça com os envolvidos na violência no país e na guerra económica.
A oposição venezuelana acusa Maduro de pretender usar a reforma para instaurar no país um regime cubano e perseguir, deter e calar as vozes dissidentes.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra Maduro intensificaram-se desde 01 de abril passado, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças, que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.
Pelo menos 120 pessoas faleceram desde abril.