Um mês de portos fechados e 600 migrantes mortos no Mediterrâneo
Mais de 600 migrantes, incluindo bebés e crianças, morreram afogados no Mediterrâneo ao longo dos últimas quatro semanas. As ONG SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras acusam os governos europeus de serem responsáveis por estas mortes.
O novo governo italiano, pela mão do ministro do Interior italiano, deu ordens para proibir a entrada dos navios das ONG há um mês.
O número de vítimas mortais no espaço de um mês representa metade do número total de mortes no Mediterrâneo desde o início do ano, pelo que culpam a atual política europeia de perseguição à ação de resgate por parte das ONG.
"Os governos europeus estão plenamente conscientes dos níveis alarmantes de violência e exploração experimentados por refugiados, requerentes de asilo e migrantes na Líbia, mas estão determinados a impedir que as pessoas cheguem à Europa a qualquer custo", as duas ONG acusam numa declaração conjunta.
"Estas tragédias ocorreram porque não havia mais barcos de resgate de ONG ativas no Mediterrâneo central", afirmam, para acusar a Europa pela "responsabilidade por essas mortes".
As duas entidades também se mostraram contra a estratégia aprovada no Conselho Europeu do fim de junho que advoga a criação de plataformas de desembarque de migrantes fora da UE.
Os ministros do Interior dos 28 reuniram-se em Innsbruck, sul da Áustria, para discutir formas de impedir a chegada de migrantes às costas europeias. Foi a primeira reunião sob a liderança da presidência austríaca da União Europeia.
A reunião teve como objetivo debater o projeto vago das plataformas de desembarque em África.
Antes, o ministro austríaco do Interior, Herbert Kickl, do partido de extrema-direita FPÖ, teve um encontro com o homólogo italiano Matteo Salvini e com o alemão Horst Seehofer.
Salvini anunciou que não autorizou o Diciotti, navio italiano da guarda costeira, de proceder ao desembarque, no porto sicliliano de Trapani, de 67 migrantes recolhidos no Mediterrâneo pelo navio Vos Thalassa.