A União Europeia e o Mercosul fecharam esta sexta-feira um acordo de comércio após 20 anos de negociações, avançam media como a agência noticiosa internacional Reuters e o jornal espanhol El País..Os dois blocos enviam assim uma mensagem em defesa do comércio livre numa era de regresso ao protecionismo por parte de grandes potências como os Estados Unidos e a China..As empresas europeias passam, assim, a ter acesso a um mercado de 260 milhões de habitantes. O Mercosul é composto por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Em 2018, o Mercosul exportou 42,6 milhões de euros para a UE, enquanto que as exportações da UE para o Mercosul se saldaram em 45 milhões de euros..Do lado da UE, beneficiariam os setores da indústria automóvel, da maquinaria, da química e da farmacêutica. Do lado do Mercosul, o setor agrícola e de pecuária, pois são esses sobretudo os produtos que exporta para a UE. Mas é aí, precisamente, que reside o problema. Muitos países, como a França, Irlanda, Bélgica ou Polónia escreveram uma carta à Comissão Europeia a alertar para os riscos do acordo comercial no "setor agropecuário"..Em sentido contrário, o acordo é apoiado por países como Espanha, Portugal, Alemanha, Holanda, Suécia, República Checa e Lituânia. Também estes escreveram uma carta à Comissão. "Estamos perante uma encruzilhada. A UE não pode ceder aos argumentos populistas e protecionistas em termos de política comercial", diz a missiva, citada pelo El País..O acordo, fechado numa reunião de alto nível em Bruxelas, precisa ainda do aval dos governos. O presidente da França, Emmanuela Macron, chegou mesmo a ameaçar não aprovar o acordo se o Brasil do presidente Jair Bolsonaro não ratificar o Acordo de Paris sobre o clima. Além disso, mais de 340 organizações sociais, sete dezenas de eurodeputados e as principais organizações agrícolas europeias dirigiram-se igualmente à Comissão para que ela travasse o acordo.