Ucrânia e separatistas pró-russos trocam os últimos prisioneiros de guerra
O governo ucraniano e as forças separatistas pró-russas do leste da Ucrânia concluíram este domingo a troca de 200 prisioneiros de guerra, a primeira desde dezembro de 2017, num posto de controlo de Maiorske, perto da cidade industrial de Horlivka, em Donetsk. A operação não esteve contudo isenta de polémica.
Segundo a presidência ucraniana, as libertações já foram concluídas e regressaram à Ucrânia 76 pessoas. Já os separatistas pró-russos das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk disseram às agências russas que recuperaram 61 e 63 pessoas, respetivamente.
As identidades dos prisioneiros não foram reveladas contudo, segundo os media ucranianos, os separatistas devem libertar militares ucranianos mas também ativistas ou jornalistas presos. Já do lado de Kiev, além de combatentes detidos durante os cinco anos de conflito (que já causou mais de 13 mil mortos), devem ser libertados três homens condenados a prisão perpétua por um atentado em Kharkiv em fevereiro de 2015, além de polícias anti-motim detidos pelo seu alegado envolvimento na repressão sangrenta das manifestações na praça Maidan, em 2014, que levaram à queda do presidente pro-russo Viktor Yanukovitch.
Durante a manhã, dois autocarros oriundos dos territórios separatistas chegaram à zona com homens e mulheres, vestidos à civil. Meia hora depois, três outros autocarros chegaram da direção oposta, seguidos de perto por ambulâncias, viaturas da Cruz Vermelha e de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
"Os primeiros 25 ucranianos livres estarão em breve em casa", tinha dito de manhã o gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que tinha prometido o regresso dos ucranianos capturados.
A troca de prisioneiros foi exigida por Zelensky durante uma cimeira em Paris, a 9 de dezembro, na qual participou também o presidente russo, Vladimir Putin. Foi a primeira vez que ambos se encontraram, tendo a reunião sido considerada um avanço no processo de paz, apesar de não terem sido dados passos concretos.
Zelensky foi eleito em abril e desde então têm sido dados passos para melhorar a relação com a Rússia (que colapsou após a anexação da Crimeia por parte dos russos e o apoio que estes deram aos separatistas no leste da Ucrânia), com Kiev e Moscovo a trocar em setembro 70 detidos -- entre eles o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, que tinha sido condenado na Rússia.