Trump: "Nada seria pior do que declarar vitória antes que seja conquistada"

Numa altura em que os EUA contam 2489 mortes, o presidente Donald Trump ouve os especialistas e prolonga o isolamento até 30 de abril. Nova Iorque já ultrapassou os 1000 óbitos.
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"Nada seria pior do que declarar vitória antes que seja conquistada." Foi uma das frases proferidas por Donald Trump ao anunciar que o isolamento social nos EUA será prolongado até 30 de abril, recuando na sua intenção de aliviar as restrições após ter decretado o confinamento por apenas 15 dias que terminavam hoje. Reconhece agora o presidente dos EUA que estava demasiado otimista.

Trump alertou que a crise do covid-19 nos EUA, que registou uma duplicação de infeções em apenas dois dias, vai continuar a piorar. "A modelagem estima que o pico da taxa de mortalidade provavelmente será atingido em duas semanas", disse.

Os EUA registam 2489 mortes e 142.735 casos de infeção confirmados, sendo o país com maior número de casos de covid-19.

A vontade do presidente norte-americano em afrouxar as medidas de isolamento social acabaria por chocar com a negra previsão do consultor da Casa Branca e especialista em doenças infecciosas nos EUA, Anthony Fauci, que voltou a alertar domingo que milhões de norte-americanos serão infetados pelo novo coronavírus e entre 100.000 e 200.000 podem morrer.

As diretrizes federais de resposta ao novo coronavírus recomendam que se evitem reuniões de grande dimensão e instam os idosos e pessoas com problemas de saúde a ficar em casa. Os norte-americanos são também aconselhados a trabalhar em casa sempre que tal seja possível e a evitar saídas para compras ou idas a restaurantes e bares e viagens não essenciais.

Milhões precisam de apoio alimentar

O sistema de saúde dos EUA está em risco com o peso de novos casos.

No domingo, uma instituição de caridade começou a montar um hospital de campanha no Central Park de Nova Iorque para ajudar a aliviar parte da tensão das instituições da cidade.

"Há muitos casos aqui em Nova Iorque e muitas pessoas que precisam de ajuda", disse Elliott Tenpenny, médico e líder de equipa de resposta Covid-19 da Samaritan.

"Os hospitais de toda a cidade estão cheios e precisam de ajuda. É por isso que estamos aqui."

As consequências humanas de uma paralisação que fez com que enormes fatias da economia americana parassem estão a refletir-se nos bancos de alimentos, onde os organizadores dizem que a procura explodiu.

"Antes, havia 1,2 milhão de pessoas em Nova Iorque que precisavam de ajuda para comer. Agora, há três vezes mais", disse Eric Ripert, da City Harvest, uma organização de apoio alimentar.

Mais 1000 mortes em Nova Iorque

O estado norte-americano de Nova Iorque superou no domingo as mil mortes de infetados com a covid-19, um mês após se detetar o primeiro caso e quando há nove dias se registavam apenas 35 mortos.

Só a cidade de Nova Iorque informou na noite de domingo que o número subira para os 776 mortos. O surto da covid-19 espalhou-se por Nova Iorque a uma velocidade assustadora.

O primeiro caso de infeção conhecido no estado foi descoberto a 01 de março num profissional de saúde, que regressara recentemente do Irão. Dois dias depois, o estado anunciou o segundo caso, um advogado do subúrbio de New Rochelle.

A 10 de março, o governador Andrew Cuomo declarou uma "área de contenção" em New Rochelle que obrigou ao fecho de escolas e espaços de culto. Nesse mesmo dia, a região metropolitana registou a sua primeira fatalidade: um homem que trabalhava em Yonkers e morava em Nova Jersey.

A 12 de março, o estado proibiu todas as reuniões de mais de 500 pessoas e encerrou os teatros da Broadway e as arenas desportivas. O prefeito da cidade de Nova Iorque, Bill De Blasio, ordenou o fecho das escolas a 15 de março.

Restrições mais severas ocorreram cinco dias depois, quando Cuomo ordenou que todos os trabalhadores não essenciais ficassem em casa, barrou reuniões de qualquer dimensão e instruiu qualquer pessoa no espaço público a ficar a pelo menos um metro de distância das outras pessoas.

Por essa altura, somente 35 nova-iorquinos infetados com a covid-19 tinham morrido. Ou seja, apenas nove dias antes destes últimos números.

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