Trump lidera numa sondagem. Clinton à frente no voto antecipado
A menos de uma semana das eleições que irão escolher o novo presidente dos Estados Unidos, mais de 22 milhões de americanos já fizeram a sua escolha, através de voto presencial antecipado ou por correspondência, uma modalidade a funcionar em 37 estados e no Distrito de Columbia. Até ao momento, os números parecem sorrir a Hillary Clinton, mas uma sondagem divulgada ontem aponta para uma vantagem de um ponto percentual de Donald Trump.
A Florida parece ainda não ter decidido a quem vai dar os seus decisivos 29 votos eleitorais. Os primeiros registos do voto antecipado apontam uma afluência de 40,4% de republicanos e 40% de democratas. Mas existem boas notícias para Clinton, que é apontada como tendo mais hipóteses de conquistar este tão importante estado - o site de sondagens FiveThirtyEight dá 51,6% de probabilidades à democrata. Uma dessas boas notícias é o facto de, em 2012, os hispânicos, tradicionalmente apoiantes democratas, eram apenas 13,6% dos eleitores registados. Hoje são 15,6%.
A importância deste estado é também refletida na agenda dos candidatos. Ontem, Clinton regressou à Florida com três atos de campanha, hoje terá o apoio do vice-presidente, Joe Biden, e amanhã o de Barack Obama. Já Trump participa hoje numa ação de campanha dirigida aos hispânicos de Miami, essenciais para vencer o estado.
O republicano precisa de conquistar os 29 votos eleitorais da Florida para manter as aspirações de chegar à Casa Branca. De acordo com o site RealClearPolitics, Trump tem atualmente 164 dos 270 votos eleitorais necessários para vencer, enquanto Clinton já conta com 263.
A polémica campanha de Donald Trump conseguiu transformar o Arizona (11 votos eleitorais) de um tradicional estado vermelho num swing state. Mesmo assim, até domingo, os republicanos continuavam à frente por 34 mil votos. Um número, porém, bem mais modesto que o avanço de 62 mil votos que tinham nesta altura em 2012.
De todos os swing states - chamados assim porque umas vezes votam democrata outras republicano, sendo por isso decisivos para uma eleição -, o Nevada (6 votos eleitorais) é o que mais alegrias está a dar a Clinton, estando 6,6 pontos percentuais à frente de Trump nos votos antecipados submetidos até segunda-feira - 43,2% vieram de democratas e 36,6% de republicanos. Espera-se que 60% dos eleitores do Nevada votem antes do dia das eleições, na terça-feira, e que 31% já o tenha feito. "Trump está quase de certeza a perder o Nevada e parece quase certo de que o irá mesmo perder", escreveu o analista Jon Ralston.
Clinton também está com um bom registo na Carolina do Norte (15 votos eleitorais), estimando-se que tem 12 pontos de avanço entre os votantes antecipados e uma vantagem de 6 pontos em relação a Trump no geral.
De acordo com dados divulgados na segunda-feira, 331.153 democratas já tinham votado, contra 300.275 republicanos, no Colorado (9 votos eleitorais), mantendo a tendência de vantagem azul dos votantes antecipados desde o início de outubro. O que são boas notícias para Hillary, pois as sondagens apontam para uma corrida renhida neste estado.
No Iowa, o sentido do voto antecipado é o mesmo: mais de 400 mil eleitores já votaram, sendo que 43,9% são democratas e 34,3% são republicanos. No entanto, as sondagens indicam que Trump tem uma maior probabilidade de obter os 6 votos eleitorais deste estado.
Menos afro-americanos
Grande parte dos eleitores que já votaram fizeram-no antes do anúncio feito na sexta-feira pelo diretor do FBI, James Comey, da reabertura da investigação aos emails de Hillary Clinton, portanto ainda não se pode medir o impacto na candidatura da democrata.
Certo é que, neste momento, o número de votantes antecipados aumentou nalguns estados e que há menos jovens e mais hispânicos a usar esta forma de voto. O número de afro-americanos pró-democratas também desceu drasticamente em relação a 2012, o que está a preocupar a candidatura de Clinton. De acordo com o The New York Times, a nível nacional, "o entusiasmo afro-americano diminuiu comparado com 2012", facto que "é um desenvolvimento surpreendente e inquietante para os democratas que acreditavam que os apelos raciais de Trump e o seu namoro com o movimento que questiona a nacionalidade de Obama iriam criar uma maior urgência".
O senão das previsões baseadas no voto antecipado é que um eleitor registado como democrata ou republicano não é equivalente a um voto no candidato democrata ou republicano. Mais, as pessoas que usam o voto antecipado não são uma amostra da totalidade eleitorado, normalmente são mais velhos e mais interessados na política. Por isso, às vezes, a orientação de um estado dada pelo voto antecipado é diferente do resultado final. Foi o que aconteceu em 2012, na reeleição de Barack Obama.
"O Maryland era um estado democrata em 2012, mas os 75% do voto antecipado que foram para os democratas estavam muito longe dos 63% dos votos que ganharam após o fecho das urnas", escreveu Seth Masket, professor da Universidade de Denver, no FiveThirtyEight.
Inédito desde maio
Uma sondagem divulgada ontem pelo The Washington Post e pela ABC News dá uma vantagem de um ponto percentual a Donald Trump. Esta é a primeira vez desde maio que o republicano surge à frente da democrata nos estudos de opinião regularmente divulgados por estes dois órgãos de comunicação social. Trump surge agora com 46% e Clinton com 45%. Na semana passada, a ex-secretária de Estado liderava a corrida com 46%, mais um ponto percentual do que o empresário.
A sondagem, feita entre quinta-feira e domingo, "encontrou poucas alterações entre os apoiantes de Clinton após as notícias do FBI sobre os emails de Clinton, mas o grande entusiasmo entre os seus apoiantes ficou abaixo dos de Trump nas entrevistas feitas no sábado e no domingo", escreveu ontem o Washington Post. De recordar que o anúncio do diretor do FBI foi feito na sexta-feira.
De referir ainda que um em cada cinco eleitores identificados nesta sondagem dizem já ter votado, enquanto que um quarto garantiu que iria ainda submeter o seu voto antecipadamente.