Trump "estava mais interessado nas investigações a Biden" do que na Ucrânia

Funcionário da embaixada norte-americana revelou conversa entre embaixador na UE e presidente dos EUA.
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No primeiro dia de audiências abertas no inquérito de destituição a Donald Trump, o embaixador interino em Kiev, William Taylor, revelou uma conversa que um membro da sua equipa lhe contou na sexta-feira passada e que demonstra o interesse do presidente na Ucrânia.

"Na presença do meu pessoal no restaurante, o embaixador [Gordon] Sondland ligou ao presidente Trump e contou-lhe sobre os seus encontros em Kiev. Esse membro da minha equipa conseguia ouvir o presidente Trump ao telefone a perguntar ao embaixador Sondland sobre as investigações", contou Taylor sobre um almoço que aconteceu no dia 26 de julho, no dia seguinte ao telefonema entre o presidente norte-americano e o novo líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"No final do telefonema, o funcionário da minha equipa perguntou ao embaixador Sondland o que o presidente Trump pensava sobre a Ucrânia, ao que este respondeu que o presidente estava mais interessado nas investigações a Biden", continuou.

Fazendo jus à sua carreira de diplomata, Taylor declarou que a sua função não era a de escolher lados nem de decidir se o que estava em causa é suficiente para um presidente ser destituído. "Isso é o vosso trabalho." No entanto, o encarregado de negócios em Kiev reiterou a sua surpresa de fazer depender a ajuda militar e um encontro em Washington entre Trump e Zelensky em troca de uma investigação ao filho de Joe Biden, uma política levada a cabo pelo embaixador norte-americano na União Europeia Gordon Sondland -- um dos principais doadores da campanha de Trump -- e do enviado especial à Ucrânia Kurt Volker, concertada com a Casa Branca.

"É errado", concordou com a pergunta do representante democrata da Califórnia Eric Swalwell, sobre essa política. Antes, o democrata Daniel Goldman perguntara-lhe: "Em décadas de serviço militar e diplomático alguma vez testemunhou uma ajuda militar ficar dependente de uma investigação pedida pelo presidente dos Estados Unidos?", ao que respondeu "Não".

Já os republicanos tentaram desacreditar a importância dos inquiridos, Taylor e o vice-secretário adjunto George Kent, por estes nunca terem falado diretamente com o presidente. Tentaram retirar o foco da ação presidencial e insistiram em perguntas sobre a suposta interferência da Ucrânia nas eleições norte-americanas e no papel de Joe Biden, enquanto vice-presidente, nas relações com aquele país.

Os republicanos insistem também em ouvir o denunciante, uma hipótese que os democratas rejeitam.

A audiência prossegue na sexta-feira com a antiga embaixadora em Kiev, Marie Yovanovitch. Na audiência privada, a diplomata afirmou ter sido afastada do cargo por Donald Trump, na primavera, vítima de uma "campanha concertada" na qual foi atacada pelo advogado pessoal do presidente, Rudy Giuliani.

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