Trump ameaça manter governo paralisado durante meses ou anos
Ao 14.º dia de paralisação parcial, a Casa Branca voltou a ser palco de uma reunião entre o presidente e os líderes republicanos e democratas. À saída do encontro de duas horas, o líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que foi uma reunião "conflituosa", mas a líder da Câmara dos Representantes disse que se registaram progressos. Ambos sublinharam a importância de se acabar com a paralisação parcial do governo.
Donald Trump disse que foi uma reunião "muito, muito produtiva" e que republicanos e democratas estão "no mesmo caminho". Confirmou ter dito aos representantes democratas de que pode manter a paralisação durante muito tempo, mas também disse esperar "que não passe de mais uns dias".
O presidente anunciou que no fim de semana as reuniões vão continuar com os democratas na Casa Branca. "Temos três pessoas, tragam as que quiserem."
Para o presidente norte-americano, só a construção de um muro ("de betão ou de aço") com o México é que resolve a "crise de segurança no sul". "Queremos 5,6 mil milhões de dólares. Trata-se da segurança nacional, não são jogos. Devia ter sido feito pelos presidentes anteriores e alguns deles reconheceram isso", afirmou aos jornalistas.
Disse ainda que os principais beneficiados com a construção do muro são as crianças e as mulheres vítimas de traficantes de pessoas. Mas também a economia norte-americana, uma vez que "um muro, ou se quiserem, uma vedação de aço" seria uma oportunidade para a indústria de aço.
Donald Trump reconheceu que podia invocar o estado de emergência e não pedir aprovação ao Congresso para avançar com a obra, mas disse preferir seguir o caminho do diálogo. "Não ameaço ninguém."
O chefe de Estado reiterou que o novo acordo comercial firmado com o México paga por si só a construção do muro. "O muro são migalhas. Eles vão pagar milhares de milhões. Em dois ou três anos está pago", disse.
O dia ficou marcado pela afirmação da nova congressista democrata, Rashida Tlaib. A mulher, de origem palestiniana, disse a uma multidão que o presidente iria ser destituído, usando palavras pouco abonatórias ("We're going to impeach the motherfucker", como se vê neste vídeo retransmitido pela CNN).
"Penso que esses comentários são vergonhosos", e que "desonram o país" e a família da congressista, respondeu Trump. Depois aproveitou para fazer o autoelogio: "É muito difícil destituir alguém que está a fazer um bom trabalho. Provavelmente já fiz mais em dois anos do que qualquer outro presidente num mandato."