China e Índia acordaram em "aliviar tensões" após conflito nos Himalaias

A China e a Índia concordaram em "aliviar tensões", após os violentos confrontos de segunda-feira na fronteira entre os dois países nos Himalaias, informou hoje Pequim.
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Os confrontos de segunda-feira, numa região dos Himalaias, provocaram pelo menos 20 mortes, do lado indiano, sem que a China tenha reportado as suas baixas, na primeira vez em 45 anos que existiu um conflito mortal entre os dois países.

"Os dois lados concordaram em tratar cuidadosamente os graves acontecimentos causados pelo conflito no vale de Galwan", disse hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, num comunicado divulgado após uma reunião telefónica entre os chefe da diplomacia de Pequim, Wang Yi, e o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar.

Os governos da China e da Índia concordaram ainda em "respeitar o consenso alcançado durante as reuniões militares entre as duas partes, para aliviar tensões no terreno o mais depressa possível e para manter a paz e tranquilidade na área de fronteira", acrescenta o comunicado.

Os dois países travam um conflito de fronteira desde 1962 e desde o mês passado que a tensão cresceu nas comunidades dos Himalaias, com Pequim e Nova Deli a acusaram-se mutuamente de ultrapassarem a linha de controlo definida por um acordo que tem servido para duras disputas.

A linha, definida em 1962, percorre a região entre a zona controlada pela China, em Aksai Chin, e o restante da zona disputada de Jammu e Caxemira.

Nas últimas semanas, observadores internacionais denunciaram o aumento de tropas de ambos os países ao longo dessa linha, levantando preocupações sobre a intensificação dos confrontos.

Não foram disparados tiros. Ataques com paus e pedras

As forças de segurança indianas garantiram que nenhum dos lados usou armas de fogo durante o confronto travado na região de Ladakh, na segunda-feira, no primeiro confronto mortal, desde 1975, na fronteira disputada entre a Índia e a China.

Durante os confrontos, os soldados usaram sobretudo paus e canas de bambu, assim como o arremesso de pedras.

A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia. A Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados de território no planalto de Aksai Chin, na região dos Himalaias, uma parte contígua da região de Ladakh.

A Índia declarou unilateralmente Ladakh um território federal em agosto de 2019. A China foi dos poucos países a condenar fortemente a medida, referindo-a em fóruns internacionais, incluindo no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A ONU instou os dois lados a "exercerem máxima contenção".

"Estamos preocupados com os relatos de violência e mortes na Linha de Controlo Real entre a Índia e a China", disse Eri Kaneko, porta-voz da ONU.

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