Theresa May alerta para aumento da imigração antes do brexit

Favorita à liderança dos Tories diz que direitos dos europeus que vivem no país terão de ser garantidos nas negociações
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Theresa May, favorita para assumir a liderança do Partido Conservador e mudar-se para o número 10 de Downing Street, avisou ontem que poderá haver um aumento da imigração de cidadãos europeus para o Reino Unido antes da saída do país da União Europeia (UE). Numa entrevista ao programa Peston on Sunday, da ITV, a ministra do Interior indicou que a situação dos imigrantes europeus que já vivem no Reino Unido não muda, mas que só haverá garantias depois das negociações com Bruxelas.

Há seis anos à frente da pasta do Interior, May disse que é difícil estabelecer um período para prever a diminuição da entrada de imigrantes no país. "Se olharmos para o futuro, podemos ver na contagem decrescente para um acordo com a UE as pessoas a quererem vir para o Reino Unido antes de a saída de concretizar, por isso há fatores que não podemos prever", afirmou.

Em relação aos europeus que já vivem no país, May diz que quer "garantir a sua posição", tal como dos britânicos que vivem no resto da UE, mas admitiu que o futuro deles está em negociação. "O que é importante é que vai haver uma negociação em relação a como vamos lidar com o tema das pessoas que já cá estão e que têm a sua vida estabelecida aqui e dos britânicos que têm a sua vida noutros países da União Europeia", indicou.

Segundo uma sondagem publicada ontem no Sun on Sunday, Theresa May é a favorita dos cinco candidatos à sucessão de David Cameron, contando com o apoio de 60% dos militantes conservadores. Em segundo lugar surge Michael Gove, ministro da Justiça, com apenas 10%, seguido de Andrea Leadsom, secretária de Estado da Energia, com 6%. Os restantes candidatos - o ministro do Trabalho e das Pensões, Stephen Crabb, e o deputado e ex-ministro da Defesa Liam Fox - não vão além dos 3%.

A decisão final caberá aos militantes dos Tories, depois de os deputados reduzirem o número de candidatos a dois. May conta com o apoio de mais de cem dos 330 eleitos, quatro vezes mais do que qualquer outro candidato. Amanhã será a primeira votação, cujo pior classificado será afastado da corrida.

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Ontem, May recusou a ideia de os adversários poderem desistir para permitir a sua "coroação", dizendo que é importante haver uma eleição dentro do partido. O principal argumento contra a sua candidatura é o facto de ter apoiado o "ficar" no referendo de 23 de junho. "O próximo primeiro-ministro deve ser alguém que defendeu a ideia da independência na campanha para o referendo", escreveu no The Sunday Telegraph Gove, que apoiou o brexit. Na ITV, May respondeu que "não é uma questão de qual era a tua posição há dez dias", prometendo reconciliar ambos os lados do debate e "ir para a frente".

O problema para Gove é outro. O ministro da Justiça está a ter dificuldade em afastar-se da ideia de "traidor", depois de ter retirado o apoio à candidatura do ex-mayor de Londres Boris Johnson. Na BBC, Gove disse que teria "traído o país" se o tivesse feito, dizendo que não podia recomendar que Johnson se tornasse primeiro-ministro.

Andrea Leadsom, que fez campanha para o Reino Unido sair da UE, defende também que o próximo líder conservador e do governo tem de ser do campo do brexit. Mas ontem foi confrontada pelo Mail on Sunday com um discurso que fez em abril de 2013 contra o brexit. "Acho que o Reino Unido não deve sair da UE. Acho que seria um desastre para a nossa economia e iria levar a uma década de incerteza económica e política num momento em que as placas tectónicas do sucesso global se estão a mover", afirmou na altura. Em resposta, explicou que as coisas mudaram desde esse discurso: "Quando o primeiro-ministro voltou com a sua reforma, com a sua renegociação [com Bruxelas], tornou-se claro que não era possível reformar a UE."

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