Terrorista de Manchester não terá agido sozinho
Salman Abedi, 22 anos, já estava referenciado pelas autoridades. Ministra do Interior admite como "provável" ter tido ajuda
O bombista suicida que, na segunda-feira à noite, matou 22 pessoas e feriu mais de 60 num concerto de Ariana Grande em Manchester, poderá não ter agido sozinho, admitiu hoje a ministra do Interior britânica.
"Parece provável, possível, que ele não fez isto por conta própria, pelo que os serviços secretos e a polícia estão a seguir todas as pistas para garantir que obtêm toda a informação de que precisam para nos manter em segurança", afirmou esta manhã Amber Rudd à rádio BBC.
A governante admitiu que Salman Abedi, 22 anos, já estava referenciado pelas autoridades. "Os serviços de segurança conhecerão muitas pessoas, isso não quer dizer que seja de esperar que eles prendam toda a gente que conhecem, mas é alguém que eles conheciam antes e tenho a certeza de que quando esta investigação terminar poderemos vir a saber mais", salientou.
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Identificado como o autor do ataque, entretanto reivindicado pelo Estado Islâmico, Salman Abedi, 22 anos, nascido na área de Manchester, residia no apartamento de Fallowfield, no sul de Manchester. Filho de pais líbios fugidos ao regime de Muammar Kadhafi, terá regressado recentemente da Líbia, confirmou a governante. "Sim, creio que se confirma. Quando esta operação terminar, quereremos olhar para trás e para o que aconteceu, como se radicalizou e que apoio terá tido", disse Amber Rudd.
O ministro do Interior francês anunciou entretanto que o autor do ataque também terá estado na Síria, onde se terá radicalizado. Gerard Collomb falava à BFMTV e referia-se às informações trocadas com o Reino Unido. No entanto, as autoridades inglesas ainda não confirmaram que Salman Abedi tenha estado na Síria.
A ministra Amber Rudd esclareceu contudo que cerca de 3800 militares estão destacados nas ruas, em resposta a este ataque, na sequência de uma medida avançada pela primeira-ministra, Theresa May, de que em locais-chave, como concertos e eventos desportivos, a polícia seria substituída por militares.
O Reino Unido está agora sob "ameaça iminente" de novo atentado terrorista. O nível de alerta no país subiu de "sério", que se mantinha há vários anos, para "crítico" depois do ataque à saída do concerto da cantora americana Ariana Grande na Manchester Arena.
Theresa May considerou que é "uma resposta sensata e proporcional" elevar o nível de alerta, indicando que haverá militares em patrulha em locais sensíveis e acontecimentos com muito público, como a final do campeonato de futebol inglês que se joga no sábado no estádio londrino de Wembley e em que estará presente o príncipe William.
Em França, a presidência vai prolongar o estado de emergência - em vigor desde os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, que fizeram 130 mortos - até 1 de novembro e aprovar uma nova lei antiterrorista, anunciou Emmanuel Macron após reunião esta manhã.
Este ataque foi o mais mortífero no Reino Unido desde que quatro bombistas suicidas mataram 52 pessoas que viajavam em autocarros e no metropolitano de Londres, em 2005.
Entre as vítimas mortais estão Saffie Rose Roussos, oito anos, Olivia Campbell, 15, Georgina Callander, 18, John Atkinson, 28, Kelly Brewster, 32, Alison Howe, 45, e Lisa Lees, 47, que esperavam as filhas de 15 anos que tinham ido assistir ao concerto, e ainda um casal polaco nas mesmas circunstâncias. Os filhos destes estão bem.
O número de feridos foi atualizado para mais de 60, estando cerca de 20 a receber tratamento para ferimentos graves, segundo disse à Sky News o responsável pelos serviços de saúde e assistência social da cidade de Manchester. Tratam-se de lesões ao nível dos órgãos vitais e dos membros, pelo que, de acordo com Jon Rouse, "alguns destes indivíduos vão precisar de cuidados a longo prazo e apoios", "Estas lesões são altamente traumáticas", disse.
A BBC adiantou entretanto que o suspeito terá sido uma mera "mula" usada apenas para transportar a bomba para a Manchester Arena e que o engenho explosivo terá sido construído por outrém. Esta informação bate certo com a declaração da ministra do Interior britânica que de "é provável" que Salman Abedi não tenha agido sozinho.
(Atualizada às 11:45: acrescentado o último parágrafo)