Terror na linha da frente em Mossul
O pai carregava a filha nos braços. Ambos gritavam em terror e corriam pelas ruas destruídas de Wadi Hajar, de repente, transformadas num campo de batalha entre os combatentes do Estado Islâmico e as forças especiais iraquianas.
Eles e os vizinhos - alguns com sandálias de borracha e outros descalços - fugiam de um contra-ataque do Estado Islâmico nesta zona de Mossul, tentando não ser apanhados pelo fogo cruzado, mais intenso à medida que os militantes apertavam o cerco.
À chegada às linhas das forças especiais, foi ordenado aos homens que despissem as camisas para provar que não eram bombistas suicidas - tem-se tornado uma tática habitual para os militantes o uso de bombistas - e os soldados disparavam para o ar para tentar que os residentes abrandassem o passo, ao mesmo tempo que lhes davam ordens em árabe.
Um dia antes, as tropas iraquianas tinham utilizado bulldozers para empurrar automóveis de maneira a formar uma barricada para proteger os residentes de eventuais ataques suicidas.
Muitos civis viram-se obrigados a abandonar as casas, à medida que os combates nos últimos bastiões do Estado Islâmico, em Mossul, vão invadindo as zonas residenciais, onde a comida e a água são alvo de racionamento há vários meses.
O pai estava fora de si. Em pânico. Era óbvio que não pertencia ao Estado Islâmico porque estava vestido com uma camisa curta e levava consigo uma criança. Acredito que ambos serão levados para um campo de refugiados.
Jornalista da Reuters