Suspeito do caso Marielle morto pela polícia disse que já esperava morrer
Adriano Nóbrega, suspeito de envolvimento na execução de Marielle Franco, foi morto esta manhã pela polícia, na cidade de Esplanada, no interior da Bahia, após troca de tiros com a polícia. Nóbrega era o líder da milícia Escritório do Crime, à qual pertenciam os dois autores materiais do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e do seu motorista Anderson Gomes, segundo as investigações.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o seu advogado, Paulo Catta Preta, disse que o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) estava preocupado com os últimos movimentos da polícia. De acordo com o jurista, Adriano ligou para ele, pela primeira vez, e relatou que tinha "certeza" de que queriam matá-lo para "queimar arquivo".
Ex-polícia, Nóbrega era também próximo da família de Jair Bolsonaro que além de o homenagear na Assembleia Legislativa do Rio ainda empregava a sua mãe e a sua filha no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro e hoje senador. Nóbrega, que estava desaparecido desde janeiro de 2019, trabalhou no 18º batalhão da polícia militar com Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro acusado de participação num esquema de desvio do salário dos outros assessores do político.
Os serviços de inteligência da polícia baiana receberam informações há suas semanas sobre o paradeiro de Nóbrega. Começaram por fazer buscas numa mansão na Costa do Sauípe, estância balnear local, mas não encontraram o suspeito - apreenderam apenas documentos falsos.
Conseguiram encontrar Adriano Nóbrega hoje e, após um cerco, acabaram por atingi-lo durante um tiroteio, segundo a polícia de segurança pública da Bahia. O miliciano ainda foi socorrido mas acabou por falecer num hospital da região.
"Buscamos efetuar a prisão, mas o procurado preferiu reagir atirando", afirmou o secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa. A viúva do miliciano também fez o mesmo relato e negou que ele estivesse armado.
Apesar de ser suspeito de participar da morte de Marielle, o miliciano era procurado por outro crime. Ele fora denunciado pelo Ministério Público por ocupação de terras e compra, venda e aluguer irregular de imóveis, cobrança irregular de taxas da população e extorsão de mercadoria em Rio das Pedras, região do Rio que é a base da Escritório do Crime.
Estão presos neste momento por acusados de terem guiado o automóvel e efetuado os disparos que em março de 2018 mataram Marielle os dois ex-polícias com ligação às milícias Ronnie Lessa e Élcio Queiroz.