Surto na Nova Zelândia já chegou a 210 quilómetros de Auckland
A primeira-ministra Jacinda Ardern anunciou esta sexta-feira que o confinamento de Auckland será prolongado por 12 dias
O recente surto de coronavírus na Nova Zelândia já extravasou o município de Auckland, disseram autoridades de saúde esta sexta-feira, naquele que é um grande golpe aos esforços para conter a doença.
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O ministro da Saúde, Chris Hipkins, disse que há mais 12 casos de transmissão na comunidade, e um provável, após o ressurgimento inesperado do vírus em Auckland esta semana.
Hipkins disse que duas das infeções foram encontradas na cidade de Tokoroa, na Ilha do Norte, cerca de 210 quilómetros ao sul de Auckland.
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Cerca de 30 pessoas de Tokoroa, que estiveram em contacto próximo com o casal infetado, foram colocadas em quarentena e foram testadas.
As infeções fora de Auckland acontecem apesar de um confinamento estrito na maior cidade da Nova Zelândia, que inclui a polícia a bloquear as estradas para fechar as fronteiras.
Hipkins minimizou os receios de que o fracasso em isolar as infeções em Auckland significava que o vírus poderia agora espalhar-se noutras zonas. "Todos os casos até agora estão conectados, todos fazem parte de um cluster baseado em Auckland, e isso é uma boa notícia", afirmou, acrescentando que os casos de Tokoroa foram identificados rapidamente: "Não vimos evidências de um caso covid-19 fora de Auckland que não tenha relação com o cluster com o o qual estamos a lidar."
A primeira-ministra Jacinda Ardern anunciou esta sexta-feira que o confinamento de Auckland será estendido por 12 dias.
O novo surto começou quando quatro familiares em Auckland testaram positivo esta terça-feira, encerrando uma série de 102 dias consecutivos da Nova Zelândia sem relatos de transmissão na comunidade.
O número de casos no cluster continuou a aumentar - subindo para 30 na sexta-feira - enquanto as autoridades de saúde lutam desesperadamente para encontrar a fonte da infeção. "Isso ainda é uma peça do quebra-cabeças que estamos a tentar decifrar", disse a diretora-geral nacional de saúde, Ashley Bloomfield.
Em apenas quatro dias, a Nova Zelândia deixou de ser um paraíso sem transmissão do vírus e passou a estar num confinamento nacional.
Bloomfield disse que as emoções estão à flor da pele, mas apelou ao público para não descarregar as suas frustrações nos profissionais de saúde da linha de frente. "Recebemos relatos de profissionais de saúde, que estão a fazer o possível para fornecer testes para as pessoas, a ser agredidos verbalmente e até atacados", revelou. "Isso é completamente inaceitável", acrescentou, recusando-se a fornecer mais detalhes.
A Nova Zelândia está a seguir a mesma estratégia que ajudou a conter o vírus depois de um confinamento de sete semanas no início deste ano - isolar casos positivos, rastrear os seus contactos e fazer testes em massa.
O governo está a tornar os testes obrigatórios para os trabalhadores da linha de frente em portos e instalações de isolamento, depois de terem surgido relatos de que a maioria dos funcionários do aeroporto de Auckland nunca terem sido testados.
Hipkins negou que o governo tenha falhado em proteger as fronteiras - considerada a área mais vulnerável ao regresso do covid-19 - mas admitiu: "Eu teria gostado se tivessem sido feitos mais testes nessas zonas, sim, é justo dizê-lo."