Sírios denunciaram sírio e Angela Merkel agradeceu

Três refugiados reconheceram Jaber al-Bakr, que era procurado desde sábado e preparava atentado como os de Paris e Bruxelas
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A polícia alemã andava desde sábado à procura de Jaber al-Bakr, um sírio de 22 anos que chegou à Alemanha em fevereiro do ano passado de forma ilegal e quatro meses depois obteve o estatuto de refugiado. Vigiado desde sexta-feira à porta da casa onde vivia em Chemnitz, no estado da Saxónia, conseguiu fugir dos agentes no sábado de manhã. As autoridades tinham-se apercebido entretanto que ele fazia pesquisas frequentes na internet sobre o fabrico de bombas e visitava sites ligados ao Estado Islâmico. Foi detido ontem, em Leipzig, depois de o seu paradeiro ter sido denunciado à polícia. Os autores da denúncia são, também eles, refugiados oriundos da Síria. Através de uma das suas porta-vozes, a chanceler Angela Merkel, criticada pela política de porta aberta em relação aos refugiados, agradeceu tanto a intervenção da polícia como a ajuda dos sírios.

Segundo noticiaram os sites da Der Spiegel e do Guardian, os três refugiados sírios encontraram Jaber al-Bakr na estação de comboios de Leipzig, a 70 Km de Chemnitz, durante a tarde de sábado. Estava irritado e com ar exausto. Eles ofereceram-lhe um lugar para ficar, percebendo apenas mais tarde que estava a ser procurado pela polícia. Enquanto dois deles o agarraram e o ataram, imobilizando-o, outro foi à esquadra da polícia local com uma fotografia dele que tirara no seu telemóvel. Depois disso, Bakr, que segundo o passaporte nasceu em Damasco em 1994, foi levado para um tribunal de Dresden, onde será presente a juiz. Segundo as autoridades locais e federais, o sírio de 22 anos preparava-se para cometer um atentado terrorista como os de Paris e Bruxelas. Na casa de onde fugiu havia 1,5 Kg de material explosivo.

"Tanto o modo de operar como o seu comportamento sugerem uma ligação ao Estado Islâmico", disse o chefe da investigação criminal de Leipzig, Jörg Michaelis, afirmando que Jaber al-Bakr tinha "quase pronto um colete suicida". O ministro do Interior do estado da Saxónia, Markus Ulbig, enalteceu a operação policial que envolveu cerca de 700 agentes dizendo: "Evitámos um atentado bombista". Já o ministro do Interior do governo de Merkel, Thomas de Maizière, foi mais longe ao afirmar: "De acordo com o que sabemos agora, estava em preparação em Chemnitz um ataque semelhante aos que aconteceram em Paris e Bruxelas". Na capital parisiense morreram 130 pessoas a 13 de novembro, na capital belga os atentados de 22 de março resultaram em 32 mortos.

Aplaudindo a polícia, Merkel, que está de visita a três países de África (Mali, Níger e Etiópia), não deixou de agradecer aos sírios que travaram o seu compatriota. "Devemos gratidão e reconhecimento aos [homens] da Síria que informaram a polícia sobre o paradeiro do suspeito permitindo a sua detenção pela polícia", disse uma porta-voz adjunta da chanceler, citada pelo jornal Guardian. A Alemanha recebeu mais de um milhão de refugiados em 2015 e, desde então, Merkel tem estado sob pressão por parte da extrema-direita, que conquista votos à custa das críticas à política para os refugiados. Em julho o Estado Islâmico reivindicou dois ataques no estado da Baviera. Os alemães estão receosos. E todos os partidos sabem disso.

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