Sete momentos em que América e Rússia foram camaradas
John Quincy Adams, filho de John Adams, segundo presidente americano, visitou pela primeira vez São Petersburgo com 14 anos, numa missão diplomática destinada a estabelecer relações entre os Estados Unidos e a Rússia. Voltou à então capital russa em 1809, já casado com Louise e já diplomata de carreira. Ele que seria um dia também presidente americano, fez amizade com o czar Alexandre I, com quem conversava em francês. Relatou a partir da Rússia as Guerras Napoleónicas ao presidente James Madison, que o nomeara.
A Rússia czarista apoiou a União durante a Guerra Civil Americana de 1861-1865 e duas das suas frotas chegaram a estar ancoradas em portos dos Estados Unidos, impedindo desde logo qualquer ataque da Confederação, os estados secessionistas. O motivo da chegada em finais de 1863 de seis navios russos à São Francisco e de outros seis a Nova Iorque teve que ver com o receio de um ataque da poderosíssima armada britânica em apoio à rebelião polaca, servindo assim os portos americanos de refúgio.
Em 1867, a Rússia aceitou vender o Alasca aos Estados Unidos por 7,2 milhões de dólares. Foi uma compra quase tão a preço de saldo como a da Luisiana em 1803 à França. Os Estados Unidos aumentavam assim de forma dramática o seu território e bloqueavam também a colonização britânica a caminho do Pacífico (o Canadá). Para a Rússia, com crescentes dificuldades em rentabilizar um território além Sibéria, foi na época um bom negócio.
Os Estados Unidos só entraram na Primeira Guerra Mundial em 1917, mas antes forneceram apoio militar aos países envolvidos na luta contra a Alemanha e o Império Austro-Húngaro, incluindo a Rússia. Depois da Revolução de fevereiro de 1917, os Estados Unidos foram também os primeiros a reconhecer o novo governo provisório de Kerenski, mais tarde substituído pelos bolcheviques de Lenine, que transformaram a Rússia na União Soviética.
A cimeira de Ialta, ainda com Franklin Roosevelt sentado junto a Estaline, ocorreu em fevereiro de 1945, quando já era quase certa a derrota nazi. na presença de Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, os líderes americano e soviético dividiram áreas de influência na Europa pós-guerra. Em Potsdam, já depois da rendição alemã, foi Harry Truman a negociar com Estaline.
Nem Ronald Reagan era um verdadeiro cowboy nem Mikhail Gorbachev um verdadeiro aparitchik. O primeiro encontro entre o ator que chegou a presidente americano e o comunista que percebeu que o comunismo soviético estava falido deu-se em Genebra em 1985. Primeiro foi a confiança pessoal a surgir, depois uma amizade que prossegui vida fora, já finda a Guerra Fria e ambos já reformados. Datam desse período até 1991 (em parte já com George Bush pai presidente) os grandes tratados para evitar uma guerra nuclear.
Não faltam fotos de Bill Clinton e Boris Ieltsin a rir juntos, naquela década de 1990 em que Estados Unidos e Rússia pareciam mesmo ter decidido transformar a rivalidade geopolítica numa nova aliança. Foi quando a Rússia até entrou para o G7, que passou a chamar-se G8. E hoje sabe-se que Ieltsin até terá contado ao presidente americano que ia escolher Vladimir Putin como seu sucessor no Kremlin.