Senadores republicanos rejeitam lei que dita fim do Obamacare
"Nós vamos escrever uma lei do Senado e não aprovar a lei da Câmara dos Representantes". O aviso foi feito pelo senador republicano Lamar Alexander. "Vamos ter em conta as boas ideias que encontrarmos e que sigam de acordo com os nossos objetivos", acrescentou. "Vamos trabalhar para juntar um pacote que reflita as prioridades dos nossos membros com o objetivo explícito de conseguir 51 votos", disse, por seu turno, o senador republicano Orrin Hatch.
Ou seja, os republicanos do Senado - que têm 52 dos 100 lugares - estão a avisar a Casa Branca e a Câmara dos Representantes - que ontem aprovou por uma curta margem de 217 votos e favor e 213 contra - de que irão apresentar a sua própria lei de revogação do Obamacare e não discutir e votar a proposta dos congressistas.
Um pequeno grupo de senadores republicanos reuniu-se esta quinta-feira no gabinete do líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, para começar a desenhar a sua proposta. Mas ainda pode ainda levar tempo até a proposta de lei chegar a uma fase de votação - senadores ouvidos pelo POLITICO dizem que o debate deverá prolongar-se até ao verão e ainda não sabem se terão audiências públicas de consulta. "Não existirão prazos artificiais no Senado. Vamos fazer tudo com um senso de urgência, mas não vamos parar até acharmos que temos tudo bem", adiantou Lamar Alexander.
Ao contrário da Câmara dos Representantes, as regras do Senado requerem um parecer do Gabinete Orçamental do Congresso que prove que a legislação a ser votada não vai fazer aumentar o défice após uma década. Aliás, os senadores não podem sequer começar a rever a legislação agora aprovada pela Câmara dos Representantes sem o parecer do Gabinete Orçamental do Congresso, o que poderá levar semanas. Em março, este gabinete estimou que, com o fim do Obamacare, 24 milhões de norte-americanos ficarão sem seguro de sáude até 2026, incluindo 14 milhões só no próximo ano.
No final, mesmo que os republicanos do Senado consigam fazer aprovar a sua própria versão da revogação do Obamacare, terá de ser conciliada com a versão da Câmara dos Representantes. O que será uma tarefa quase impossível, pois se já foi difícil colocar de acordo congressistas moderados e conservadores - de recordar, que, em março, a lei nem sequer foi a votação porque já se sabia que ia ser chumbada - será um verdadeiro desafio conseguir que uma maioria da Câmara dos Representantes aprove a legislação aprovada pelo Senado.
E um primeiro aviso dessas futuras dificuldades já foi feito pelo líder do ultra-conservador Freedom Caucus - o mesmo grupo que levou ao fracasso da votação de março. "Obviamente, a câmara alta tem as suas próprias personalidades e agendas. Certamente, é a agenda deles e não a minha", declarou Mark Medows.