Senadores pedem impeachment após presidente admitir que matou criminosos
Dois senadores filipinos defendem que Rodrigo Duterte devia ser deposto da presidência, após ter admitido que matou criminosos quando era autarca da cidade de Davao. Leila de Lima e Richard Gordon, responsável pelo comité de justiça do senado, afirmam que as declarações do presidente são motivo suficiente para iniciar um processo de impeachment.
Segundo Leila de Lima, uma das vozes mais críticas de Duterte, o presidente filipino admitiu ter cometido "assassinatos em massa", o que é um "alto crime", ou seja, uma infração grave o suficiente para justificar a destituição de um funcionário público.
"Isto é uma traição da confiança do povo", disse Lima à CNN. "Altos crimes são justificação suficiente para um impeachment de acordo com a constituição".
"Nós os filipinos somos pessoas tementes a Deus porque somos um país católico e portanto sabemos que matar é errado, insano e contra as leis dos homens e de Deus", continuou a senadora, que diz já ter recebido ameaças de morte por expressar opiniões contrárias às da maioria que apoia o presidente.
Rodrigo Duterte admitiu esta segunda-feira que quando era presidente da câmara matava bandidos nas ruas para dar o exemplo aos polícias.
"Em Davao eu costumava fazê-lo pessoalmente. Só para dar o exemplo aos homens [polícia]: se eu o posso fazer, por que é que vocês não podem?", disse o presidente, para incentivar outros a fazerem o mesmo.
"E eu costumava andar de mota por Davao, com uma grande mota, e patrulhava as ruas, à procura de problemas também. Eu andava mesmo à procura de confrontação para poder matar", afirmou.
Duterte disse ainda que não iria mudar as suas políticas por causa da pressão internacional para respeitar os direitos humanos.
Richard Gordon afirmou ao Guardian, por sua vez, que ao dizer que tinha assassinado criminosos para dar o exemplo à polícia, Duterte expôs-se à lei e por isso pode ser destituído pelos meios legais.
As declarações de Duterte não foram levadas tão a sério por todos. O ministro da Justiça Vitaliano Aguirre argumentou que os comentários foram um "exagero".
"Ele exagera sempre para passar a mensagem", disse o ministro, acrescentado que mesmo que o presidente tenha realmente assassinado alguém, ele pode não ter quebrado nenhuma lei.
"Pode ter sido feito por uma causa justificável e sob circunstâncias justificáveis", disse Aguirre, lembrando que Duterte era um funcionário público que poderia estar a tentar prender alguém que resistiu. "Ele deve ter sido obrigado", continuou o ministro.