Segurança de navio mata urso-polar em passeio turístico
O que estavam a fazer turistas num lugar conhecido por ser o habitat de espécies vulneráveis? Esta é a pergunta de vários ativistas internacionais, que criticaram o ato. Noruega defende tripulação.
O navio de cruzeiro alemão MS Bremen levava turistas a bordo. O objetivo era que estes observassem os ursos-polares no arquipélago de Svalbard, na Noruega. Como habitual, um segurança saiu antes do navio para perceber se era seguro desembarcar as pessoas. Um urso acabou por atacar o segurança e um colega abateu o animal a tiro, num ato que a empresa descreveu como "legítima defesa", segundo a BBC.
O incidente, ocorrido neste sábado, desencadeou a indignação da comunidade internacional, com ativistas dos direitos dos animais a questionar por que razão estavam turistas num local conhecido por ser um habitat de espécies vulneráveis. No entanto, as autoridades norueguesas defenderam a atuação da tripulação do navio.
O porta-voz da polícia, Ole Jakob Malmo, explicou que dois membros da tripulação, composta por 12 homens, saíram antes dos turistas, e que assim que perceberam que um dos seguranças estava a ser atacado, tentaram afugentar o urso "gritando e fazendo barulho". Terão também disparado uma pistola de sinalização, "sem resultado".
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O tripulante, um alemão de 42 anos cuja identidade não foi divulgada, sofreu ferimentos ligeiros na cabeça, e foi transportado de helicóptero para o hospital.
Na página de Facebook da empresa Hapag Lloyd Cruises, à qual pertence o navio de cruzeiro MS Bremen, foi publicada uma explicação sobre o incidente. No texto, o operador lamenta a situação e defende que o desembarque não "servia o objetivo da observação de ursos-polares, pelo contrário: os ursos-polares só são observados a bordo dos navios, a uma distância de segurança".
Uma das vozes que se ergueram para criticar o abate do urso-polar foi a do humorista Ricky Gervais. No Twitter, o britânico apelidou os turistas de "atrasados mentais", enquanto outra utilizadora, Jane Roberts, argumentou que se esse tipo de turismo fosse proibido "não seriam necessários seguranças para proteger turistas palermas, e os ursos-polares seriam deixados em paz, em vez de serem mortos apenas para servir como oportunidade para uma foto".
O arquipélago entre a Noruega continental e o Polo Norte é conhecido pelas montanhas cobertas de neve, fiordes e glaciares e é um popular destino de cruzeiros.
Na sua página da internet, o gabinete do governador do arquipélago escreveu que podem aparecer ursos em qualquer ponto das ilhas Svalbard e apelou às pessoas para que se mantenham "o mais possível afastadas para evitar situações que possam ser perigosas para elas e para os ursos".
Estima-se que vivam no Ártico entre 20 mil e 25 mil ursos-polares.
Svalbard está pejado de avisos sobre a presença de ursos-polares, e os visitantes que escolhem dormir ao ar livre são alertados pelas autoridades para terem consigo uma arma de fogo quando se deslocam para fora da área edificada.
Em 2015, um urso-polar arrastou um turista checo para fora da sua tenda quando ele e outros turistas acampavam a norte de Longyearbyen - a principal localidade de Svalbard -, ferindo-lhe as costas com as garras antes de conseguirem afugentá-lo com tiros de espingarda. O urso acabou por ser encontrado e abatido pelas autoridades locais.
O animal morto neste sábado foi transportado para Longyearbyen, para uma autópsia de rotina, indicou o porta-voz da polícia norueguesa.