Schäuble avisa que Alemanha será "dura" se Reino Unido sair da UE
Multiplicam-se os avisos sobre os perigos do brexit. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaüble, alertou George Osborne, o seu homólogo britânico, para as dificuldades na renegociação dos tratados que o Reino Unido enfrentará caso, no referendo de 23 de junho, decida bater com a porta da União Europeia (UE).
À margem da reunião do Fundo Monetário Internacional de sábado, Schaüble sublinhou que a Alemanha será um negociador "muito duro" se os britânicos escolherem o brexit. "O processo não será fácil", disse o ministro alemão em declarações à imprensa germânica.
A este propósito, o Financial Times chama a atenção para que tudo se pode complicar ainda mais com as eleições em França e na Alemanha, marcadas para 2017: "O crescimento das forças de direita eurocéticas dificultará possíveis concessões ao Reino Unido, uma vez que os políticos serão obrigados a mostrar aos eleitores que abandonar a União Europeia implica um elevado preço a pagar".
Também o ministro francês da Economia, em entrevista à BBC, fez questão de dramatizar o cenário. "O Reino Unido hoje tem força porque faz parte da União Europeia. Ao negociar com a China sobre a indústria do aço o vosso país é credível porque faz parte da Europa. Saindo da UE estarão mortos porque o mercado interno britânico não é relevante para os chineses", afirmou Emmanuel Macron.
As previsões negras sobre o brexit chegam de todos os lados. Klaus Regling, chefe do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, atacando a retórica dos defensores da saída, relembrou que "nunca aconteceu na Europa" alguém ter acesso ao mercado único sem aceitar a livre circulação de pessoas e capitais e sem contribuir para o orçamento comunitário. "As negociações implicariam anos de incerteza com consequências negativas para a economia", disse o perito alemão.
Tudo indica que na próxima semana será a vez de Barack Obama alertar para os perigos do brexit. O presidente dos EUA chega a Londres na quinta-feira e deverá aparecer ao lado de David Cameron esgrimindo argumentos a favor da permanência do Reino Unido na UE.
William Keegan, editor de Economia do Observer entre 1977 e 2003, escreveu na sua página de opinião no Guardian que o brexit será como aqueles divórcios complicados em que quem sofre são as crianças. "Pelas auscultações que tenho feito, posso concluir que todos os outros 27 Estados-membros querem que continuemos na UE. Mas, se sairmos, vão perder a paciência e mostrar-se muito pouco cooperantes", explica Keegan.