Sauditas voltam a frequentar cinemas
Os primeiros filmes a serem exibidos foram longa-metragens de animação destinadas ao público mais jovem e as projeções tiveram lugar na cidade de Jeddah num recinto improvisado. Foram projetados os filmes Emoji e Capitão Cuecas.
Os cinemas foram encerrados em 1985 sob pressão dos setores mais conservadores da particular forma de islão seguida pela Arábia Saudita, o wahabismo. A projeção de filmes agora autorizada vem acompanhada da decisão de todos eles serem previamente submetidos a uma comissão de censura para garantir não serem postos em causa os "valores" do reino.
Está prevista a abertura de novas salas, com caráter permanente, a partir de março. Por ora, as projeções irão realizar-se em locais como o de Jeddah, um centro cultural propriedade do Estado, que reúnam condições para a exibição de filme. No recinto de Jeddah, onde na passada quinta-feira se realizou um jogo de futebol onde, pela primeira vez também, as mulheres puderam assistir, estavam instaladas máquinas de pipocas.
A decisão de voltar a ter cinemas na Arábia Saudita foi anunciada a 11 de dezembro de 2017 e insere-se no processo de reformas em curso no reino pilotadas pelo príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, de 32 anos.
Até agora, os sauditas que quisessem assistir a um filme tinham de viajar de até aos vizinhos Emiratos Árabes Unidos, Bahrain e outros países do Golfo onde a Sétima Arte não está interdita.
Segundo a Reuters, espera-se a abertura de 300 salas de cinema, num total de dois mil ecrãs, até 2030, criando-se cerca de 30 mil novos postos de trabalho e gerando mais de 24 mil milhões de dólares em receitas, montante relevante que até agora, ainda que em medida naturalmente menor, era despendido no exterior com as viagens para os visionamentos nos países vizinhos.