Sánchez recusa apoiar PP ou Podemos. Rajoy faz OPA hostil ao Ciudadanos

Líder socialista diz que só o seu partido pode governar. Líder do PP apela ao voto útil de quem confiou no partido de Rivera
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Numa altura em que todas as sondagens colocam os socialistas em terceiro lugar nas intenções de voto para as eleições legislativas do próximo domingo em Espanha, o líder do PSOE, Pedro Sánchez, garantiu ontem que não apoiará nem um governo do Partido Popular nem uma eventual investidura de Pablo Iglesias, líder do Podemos, como primeiro-ministro.

Em entrevista à Onda Cero marcou as suas linhas vermelhas: "Não vamos apoiar nem um governo do PP nem vamos apoiar para primeiro-ministro Pablo Iglesias." O líder dos socialistas indicou que o seu partido não vai apoiar "nenhum governo que fragmente Espanha ou ponha em risco a recuperação do país e o Estado de bem-estar". Para Pedro Sánchez só existem, tal como depois das eleições legislativas de 20 de dezembro, duas opções muito claras: "Ou apoiar um governo progressista, de mudança, ou bloqueá-lo."

Na semana passada, o coordenador económico dos socialistas, o ex-ministro Jordi Sevilla, propusera que se deixe governar o partido que tenha mais apoios no Parlamento e, assim, evitar que o país caia num novo impasse como aquele em que tem estado mergulhado nos últimos seis meses. Mesmo que esse partido seja o PP de Mariano Rajoy. "Para evitar umas terceiras eleições, em caso de não haver maiorias, deveria deixar-se governar o candidato que tenha maior apoio parlamentar", escreveu o responsável no Twitter.

Em reação a estas afirmações feitas por Sevilla, Sánchez disse ontem na Onda Cero: "Num panorama tão fragmentado como o que vai surgir a 26 de junho, creio que o PSOE está em melhores condições do que qualquer formação política para liderar um novo governo (...) Todos voltam as costas a Rajoy. O único partido hoje em Espanha que pode assegurar uma maioria parlamentar é o PSOE."

Após as eleições de dezembro, o PSOE foi o único partido que, depois de conseguir um acordo com o Ciudadanos de Albert Rivera, conseguiu apresentar-se ao debate de investidura e a votação. Na hora H, conseguiu juntar 130 votos (a maioria absoluta situa-se nos 176 deputados em Espanha). A questão é saber se, desta vez, Sánchez conseguiria mais apoios. A avaliar pelas sondagens, que colocam a coligação Unidos Podemos (Esquerda Unida+Podemos) em segundo lugar - e não o PSOE -, a única combinação de partidos que permitiria chegar a uma maioria absoluta seria uma grande coligação entre as formações políticas de Rajoy e de Sánchez.

Quanto ao Ciudadanos, cujo líder no domingo tinha dado a entender que poderia entrar numa grande coligação PP-PSOE, Rajoy lançou ontem uma espécie de OPA hostil ao partido de Rivera. "Peço aos votantes do Ciudadanos que não desperdicem o seu voto", declarou ontem o primeiro-ministro em exercício em Ciudad Real, lembrando que pelo menos em 25 províncias votar no Ciudadanos não serve para nada. Rajoy tenta assim caçar os votos do partido de Rivera e reunir todo o apoio do centro-direita para conseguir fazer frente ao fenómeno Unidos Podemos. Rajoy lembrou que estas eleições não são como as anteriores e sublinhou o que diz ser a ameaça de uma vitória da esquerda radical. "Eles querem destruir tudo", afirmou sobre o Podemos de Pablo Iglesias.

Em resposta ao líder do PP, Rivera, em campanha em Vigo, sublinhou que "é o voto nos partidos velhos que não serve para nada. Votar PP ou PSOE não resolve nada". O jovem líder do Ciudadanos, que surge em quarto lugar nas intenções de voto nas sondagens, pediu: "Não desperdicem os vossos votos com partidos que põem em primeiro lugar os cargos."

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