Britânicos decidem se ficam na União Europeia a 23 de junho
Cameron anuncia data de referendo depois de acordo em Bruxelas
O primeiro-ministro britânico David Cameron marcou o referendo sobre a permanência do país na União Europeia para 23 de junho. O anúncio acontece depois de Cameron ter conseguido um acordo em Bruxelas e de ter assegurado o apoio do seu gabinete na campanha pela permanência na União.
"A escolha vai ao cerne de que tipo de país queremos ser e do futuro que queremos para as nossas crianças. É sobre como negociamos com os nossos vizinhos para criar empregos, prosperidade e segurança financeira para as nossas famílias", afirmou Cameron, citado pela BBC.
Diante do número 10 de Downing Street, o primeiro-ministro britânico garantiu: "Adoro Bruxelas. Adoro o Reino Unido. Sou o primeiro a dizer que há muitas maneiras de a UE melhorar. A tarefa de reformar a Europa não termina com o acordo de ontem. Nunca diria que o nosso país não pode sobreviver fora da Europa... Não é essa a questão. A questão é se vamos estar mais seguros, mais fortes e melhor trabalhando dentro de uma Europa reformada ou sozinhos".
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Na segunda-feira, Cameron vai apresentar o pedido de referendo no Parlamento, dando início a quatro meses de campanha. Apesar de a maioria dos ministros do seu governo conservador se ter ontem pronunciado a favor da permanência, o primeiro-ministro conta já com alguns dissidentes, como o ministro da Justiça, Michael Gove, o responsável pela pasta do Trabalho e Pensões, Iain Duncan Smith, ou o presidente da Câmara dos Comuns, Chris Grayling.
Apesar do apoio, Cameron pode ter uma batalha dura pela frente. Dentro do próprio partido conservador há quem já se tenha afirmado contra a permanência: nos meios britânicos multiplicam-se as referências a quem está "in" e a "out", ou seja, a quem vai apoiar a permanência e a saída, respetivamente.
E, de acordo com uma sondagem ontem publicada no Reino Unido, o "brexit" seria o cenário favorito dos britânicos, por dois pontos percentuais, se o referendo tivesse lugar hoje. Segundo as opiniões recolhidas pela TNS, 36% dos britânicos votariam por abandonar a União Europeia e 34% a favor de permanecer no bloco europeu, enquanto 23% estão indecisos e 7% asseguram que não participaram na votação.
Mas quando a pergunta é para adivinhar que lado irá ganhar no referendo, que deverá realizar-se a 23 de junho, a maioria dos britânicos aposta numa vitória da permanência na União Europeia.
Só no ano passado mais de 30 mil portugueses emigraram para o Reino Unido
O acordo conseguido por Londres prevê que o Reino Unido possa aplicar um "travão de emergência" por sete anos para os benefícios sociais para os recém-chegados e que o abono de família possa ser pago, aos novos habitantes, de acordo com as condições do país onde a criança vive.
A partir de janeiro de 2020, a indexação do abono de família pode ser aplicada a todos os requerentes. O Reino Unido também ficará de fora das medidas para o aprofundamento do processo da integração europeia.
O Reino Unido afirmou-se como um dos principais destinos da emigração portuguesa nos últimos anos, o que faz com que este referendo seja seguido com interesse em Portugal. Segundo dados do Observatório da Emigração, no ano passado mais de 30 mil portugueses entraram no país, onde já vivem mais de 100 mil.