Quim Torra eleito presidente da Generalitat
Votos favoráveis do Junts per Catalunya e da Esquerda Republicana da Catalunha foram suficientes na segunda votação. Eleição deverá resultar no fim da aplicação do artigo 155.º da Constituição.
O deputado Quim Torra, candidato proposto por Carles Puigdemont, foi eleito presidente da Generalitat com os votos favoráveis do Junts per Catalunya (JxCAT) e da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e a abstenção da Candidatura de Unidade Popular (CUP, independentistas radicais).
Torra recebeu 66 votos a favor, 65 contra e 4 abstenções. Os deputados detidos e exilados recorreram ao voto delegado. O ex-presidente da Generalitat já lhe deu os parabéns através do Twitter: "Parabéns Quim Torra, excelentíssimo presidente da Generalitat da Catalunha. Cultura e liberdade, república e democracia. Todo o meu carinho e apoio, com um muito obrigado! Viva a Catalunha!"
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A eleição de Torra à segunda volta (na primeira, no sábado, precisava da maioria absoluta e agora só da maioria simples) deverá resultar no fim da aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola, que há sete meses suspendeu a autonomia da Catalunha.
"Todos irão ganhar direitos com a República", disse Torra durante a apresentação do seu programa perante os deputados no Parlamento catalão, defendendo uma "nação plena" catalã e sublinhando que "ninguém irá perder direitos. A República é para todos e não interessa em quem se vote".
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que irá apostar "no entendimento e na concórdia", sem deixar de avisar que irá garantir a lei, a Constituição espanhola e o resto do ordenamento jurídico do país. "Não gostei do que ouvi nas últimas horas, mas como já disse vou julgar os factos", afirmou Rajoy, apelando à tranquilidade. O primeiro-ministro reunirá amanhã com o líder socialista Pedro Sánchez, para analisar a situação catalã.
Quim Torra anunciou que irá criar um "conselho de Estado no exílio" com o ex-presidente regional Carles Puigdemont, que considerou ser "o presidente legítimo" da Catalunha. Puigdemont aguarda em Berlim uma a decisão sobre a sua eventual extradição para Espanha, onde outros dirigentes independentistas estão detidos, acusados de rebelião e sedição na organização do referendo de 1 de outubro e consequente declaração unilateral de independência.
Durante o debate no Parlamento catalão, a opinião acusou Torra de não ser nem querer ser o representante de todos os catalães, mas apenas dos independentistas.