Quem está de cada lado da barricada do Brexit?

A 23 de junho os britânicos decidirão no referendo prometido pelo primeiro-ministro David Cameron se o Reino Unido fica ou sai da União Europeia. Uma sondagem ORB International publicada nesta sexta-feira pelo 'Independent', realizada entre os dias 24 e 25, revelou que 48% dos britânicos são a favor de ficar na UE e que 52% preferem o "brexit". De um lado e de outro da barricada há argumentos, vozes e rostos que tentam influenciar o sentido de voto dos eleitores. De Richard Branson a Boris Johnson, eis algumas dessas figuras.

A FAVOR DA PERMANÊNCIA DO REINO UNIDO NA UE

Ricard Branson

Fundador do Grupo Virgin

O 12.º homem mais rico do Reino Unido, segundo o ranking da revista norte-americana 'Forbes', Richard Branson considera que o seu país está melhor dentro do que fora da UE. "Será um dia muito, muito, muito, muito triste se o povo britânico votar para sair [da UE]. Acho que seria um grande dano para os britânicos", afirmou o fundador do grupo Virgin, em declarações à estação televisiva Sky. O multimilionário britânico, cuja empresa está presente em setores como os da música, telecomunicações ou transportes ferroviários e aéreos deixou ainda um alerta: "Acho mesmo que [a saída do Reino Unido da UE] iria muito provavelmente desencadear a partição da União Europeia." Richard Branson, de 65 anos, tornado cavaleiro pela rainha Isabel II em 1999, disse ainda esperar que, na hora de votar na consulta popular de 23 de junho "prevaleça o bom senso".

David Cameron

Primeiro-ministro do Reino Unido

O referendo sobre a permanência ou a saída do Reino Unido da UE é não só um momento de definição na difícil relação entre os britânicos e o projeto de integração europeu, mas também um momento-chave na carreira política de David Cameron. O primeiro-ministro conservador britânico conseguiu em maio um segundo mandato em Downing Street após prometer aos eleitores a realização desta consulta. Depois de consegui-la pôs-se a negociar um acordo com os restantes parceiros da UE que lhe permitisse dizer aos eleitores que conseguiu reformar a relação entre Londres e Bruxelas. "Negociei um acordo para dar ao Reino Unido um estatuto especial na UE", disse em tom vitorioso, após conseguir um acordo na cimeira de dia 19. Agora Cameron, de 49 anos, faz figas e espera que o "brexit" saia derrotado.

Michael O'Leary

CEO da Ryanair

Irlandês de origem, Michael O"Leary é o último apoio de peso do primeiro-ministro britânico na campanha pela permanência do Reino Unido na UE no referendo de 23 de junho. Num comunicado enviado nesta semana às redações pela Ryanair, o CEO da companhia aérea britânica defendeu que a economia britânica será mais forte com o Reino Unido como membro da UE. "Sair da UE não salvará o dinheiro britânico porque, tal como a Noruega, o Reino Unido continuará a ter de contribuir para a UE e a obedecer às suas regras se quiser continuar na zona de livre comércio com a UE, por isso é claro que os eleitores britânicos devem votar "sim" à Europa e "sim" a uma Europa reformada, a qual David Cameron conseguiu", afirma Michael O"Leary, de 54 anos, em comunicado, referindo-se ao acordo conseguido entre a UE e o Reino Unido para evitar o chamado "brexit".

A FAVOR DA SAÍDA DO REINO UNIDO DA UE

Nigel Farage

Líder do Ukip

Líder do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP) desde 1998, Nigel Farage tem sido a voz e o rosto do euroceticismo britânico no Parlamento Europeu desde 1999. Desde então, tem sido vê-lo tecer duras críticas ao projeto europeu, insultando líderes das instituições comunitárias, como os ex-presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, respetivamente Durão Barroso e Herman van Rompuy. Um dos maiores defensores do "brexit", Farage, de 51 anos, acusa o primeiro-ministro David Cameron de fazer um mau acordo. "Ele sabe que o acordo é miserável... Mesmo que ganhe o referendo, o Parlamento vetará os termos [do acordo]", declarou Farage, sugerindo que se o Reino Unido saísse da União Europeia seria mais fácil para o país expulsar imigrantes. "O que faríamos era enviar de volta as pessoas", afirmou em entrevista à BBC.

Boris Johnson

Mayor de Londres

Correspondente durante vários anos em Bruxelas para o grupo do jornal 'Daily Telegraph', o atual presidente da Câmara Municipal de Londres tornou-se nesta semana o cabeça de cartaz da campanha pelo "brexit". Ex-jornalista, nascido em Nova Iorque, Boris Johnson, de 51 anos, é um forte candidato à sucessão de Cameron. Porém, se os britânicos optarem por ficar na UE no referendo de 23 de junho, as suas hipóteses ficarão seriamente comprometidas. Outros candidatos, como o atual ministro das Finanças britânico, George Osborne, poderão ultrapassá-lo. Membro do Partido Conservador, Boris esclareceu ontem em entrevista ao 'Times' que se o "brexit" ganhar não deverá haver uma nova votação, contrariamente ao que sugerira na segunda-feira num artigo no 'Daily Telegraph'. E disse: "Sair significa sair."

Michael Gove

Ministro da Justiça do Reino Unido

Amigo de longa data de David Cameron e seu ministro da Justiça, Michael Gove escolheu ficar do lado dos que defendem a saída do Reino Unido da UE. Mesmo depois de o primeiro-ministro britânico ter conseguido um acordo com os seus parceiros europeus para dar "um estatuto especial" ao país. Num artigo no 'Daily Mail', Sarah Vine, mulher de Gove, explicou que foi muito difícil para o marido tomar aquela decisão. "Quando ele disse a verdade a David (...) o primeiro-ministro ficou genuinamente - e muito naturalmente - chocado e magoado", escreveu Vine, que é madrinha da filha mais nova de David e Samantha Cameron. Gove é um dos seis membros do governo de Cameron que defendem o "brexit". Chegou a afirmar que o acordo com a UE não é juridicamente vinculativo, mas foi desmentido pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

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