Puigdemont e Torra criam órgão para proclamar a república

Ex-presidente e presidente da Generalitat materializam promessa eleitoral: uma associação para internacionalizar o processo de independência da Catalunha. Mas é também um "governo legítimo", segundo o executivo catalão.
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Foi acordado na semana passada em Waterloo e tornado realidade nesta terça-feira: nasceu o Consell per la República, uma associação que junta as forças independentistas na Catalunha e autoexiladas, e que tem Carles Puigdemont como presidente.

"Em 1 de outubro [data do referendo ilegal] o Estado fracassou na Catalunha. E voltará a fracassar porque nada se pode construir a partir da mentira e da violência", afirmou o presidente da Generalitat, Quim Torra. "A independência não é um hino ou uma bandeira. É o futuro, oportunidades e sobretudo uma porta aberta", disse.

O ​​​​​​​Consell per la República é um órgão que o Junts per Catalunya (JxCat) e a Esquerda Republicana (ERC) se comprometeram a criar após as eleições de dezembro de 2017, no qual querem trabalhar juntos para implantar a república e internacionalizar o procés (o processo independentista).

A cerimónia decorreu no palácio da Generalitat, em Barcelona, com a apresentação do presidente catalão, Quim Torra, do seu vice Pere Aragonès, e do ex-presidente Carles Puigdemont e do seu conselheiro Toni Comín, em videoconferência.

Depois de lembrar que decidiu partir para ter "um espaço de liberdade de expressão e de movimento", Puigdemont explicou que é objetivo do Consell "agir de maneira coordenada, sem a pressão de um Estado autoritário, e avançar nos debates essenciais para fundar uma república".

O antigo presidente catalão revelou que esta associação, uma entidade privada sob jurisdição belga, vai estar aberto a todos os cidadãos que desejem participar. Daí será constituída uma assembleia de representantes.

O partido anticapitalista CUP, pró-independência, não se fez representar na cerimónia.

"Um dos principais objetivos do Consell per la República é a internacionalização", disse por sua vez Toni Comín. O outro e final é "defender o mandato de 1 de outubro e proclamar a república".

Para apimentar mais o momento, a porta-voz do governo catalão, Elsa Artadi, afirmou em conferência de imprensa que o Consell é o "governo legítimo". No entanto, a dirigente disse que "não está previsto um papel na parte setorial da ação do governo".

"Instituição fake"

As críticas dos partidos contra a independência não se fizeram esperar. Aliás, surgiram antes da cerimónia. O Partido Socialista da Catalunha mostrou preocupação quanto à hipótese "usurpação de funções" por parte do Consell. "Não vamos permitir que Torra dê asas à desobediência de Puigdemont", disse Eva Granados, porta-voz do PSC.

Já Carlos Carrizosa, o porta-voz do partido com mais deputados no parlamento catalão, o Ciudadanos, apontou para a questão do financiamento da associação. "É mais um clube onde vão colocar os seus comparsas. É uma instituição fake que criam com o dinheiro de todos nós."

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