Princesa em fuga foi levada de volta para o país
Sheikha Latifa, a filha do primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos e emir do Dubai, Sheikh Mohammed, partilhou um vídeo no YouTube, em março deste ano, a revelar que tinha fugido do país e do pai que descreveu como "pura maldade" e acusou de ser "responsável pela morte de muitas pessoas". Fonte próxima do governo do Dubai confirmou à imprensa que a princesa foi "trazida de volta".
"O que eu posso confirmar é que eles a encontraram e ela foi trazida de volta", disse a fonte, que só deu a informação com a condição de preservarem o seu anonimato, diz o The Guardian.
A mesma fonte acrescentou que não sabia quem encontrou Sheikha Latifa, de 32 anos, ou quem a trouxe de volta ao Dubai, apenas que atualmente estava "com a família" e "muito bem".
No vídeo, que dura 40 minutos, a mulher identificou-se como sendo Latifa Mohamed al Maktum e avisou que estava a fugir do seu país e do pai. Estava desaparecida, juntamente com um ex-agente secreto francês e uma amiga finlandesa que, alegadamente, a teriam ajudado no plano de fuga.
"Por favor, ajudem-nos. Estão homens lá fora. Oiço disparos e estou escondida com a minha amiga". Estas foram as últimas palavras da princesa do Dubai que a advogada britânica Radha Stirling ouviu antes da chamada telefónica terminar. O apelo aconteceu no dia 4 de março.
De acordo com o El País, dias depois do telefonema, foi divulgado o vídeo no qual Latifa Mohamed al Maktum, de 33 anos, denuncia os supostos riscos que corre, o plano de fuga e o apelo para que as imagens sejam divulgadas caso deixe de dar notícias.
"Este vídeo pode salvar a minha vida e se o estão a ver é sinal que estou morta ou numa situação muito difícil", alertou.
Ao jornal espanhol, a advogada Radha Stirlng, fundadora e diretora da ONG Detained in Dubai, confirmou a identidade da mulher.
A filha do emir do Dubai relata a primeira vez que tentou fugir do país, depois de a irmã fazer o mesmo, mas sem sucesso. Foi em 2002, quando tinha 16 anos. Acabou por ser apanhada. Conta que esteve presa durante três anos, período durante o qual foi torturada e até drogada.
"Não sei o que o meu pai me pode fazer. Ele é pura maldade. É responsável pela morte de muitas pessoas. A sua imagem de homem de família é um mero exercício de relações públicas", afirma, no vídeo, referindo-se ao emir do Dubai, considerado pela revista Forbes como o quinto monarca mais rico do mundo.
Entretanto, a fuga de Latifa foi reivindicada por um grupo britânico chamado "Detained in Dubai", que alega ajudar as vítimas de injustiça nos Emirados Árabes Unidos.
O grupo disse que a princesa tentou fugir do Dubai de navio, mas que a embarcação tinha sido intercetada no dia 4 de março, a menos de 80 quilómetros da costa da Índia.
Segundo a fonte do jornal The Guardian, o tema é um "assunto privado" que diz ter sido "explorado" e acusa o país rival Qatar de ter alimentado a história.
"É uma questão doméstica que se transformou num romance que se transformou num esquema violento para manchar a reputação do Dubai e de Sheikh Mohammed", disse a fonte do governo de Sheikh Mohammed, acrescentando que os três principais companheiros de Latifa e que terão participado na tentativa de fuga - uma finlandesa e dois franceses, um deles com dupla cidadania norte-americana - são procurados no Dubai por acusações anteriores.
Recorde o vídeo onde a princesa revela o seu plano de fuga e os motivos: