Presidente apela à calma e convoca partidos para reunião
"Apelo aos líderes dos partidos para uma reunião comigo, amanhã [sexta-feira], para que possamos analisar a situação e as opções de a ultrapassar", declarou.
As declarações do Presidente foram feitas depois de cerca de uma centena de manifestantes de direita terem invadido o parlamento e provocado confrontos, que resultaram em pelo menos dez feridos, entre os quais o líder da oposição de esquerda, Zoran Zaev.
Os manifestantes protestavam contra a eleição de um novo presidente do parlamento, o albanês Talat Xhaferi, pela coligação dos sociais-democratas (SDSM), de Zaev, e dos partidos da minoria albanesa, que consideraram injusta.
Uma correspondente da AFP viu Zaev com a face ensanguentada, no caos que se seguiu à irrupção no hemiciclo dos manifestantes, simpatizantes do partido de direita VMRO-DPMNE, do ex-primeiro-ministro Nikola Gruevski.
O ministro do Interior, Agim Nuhiu, declarou à imprensa que havia dez deputados feridos, mas também polícias e jornalistas.
O VMRO-DPMNE foi o mais votado nas legislativas antecipadas de dezembro, que deveriam retirar o país do impasse político. Mas não conseguiu formar uma maioria no parlamento de 120 lugares.
O Presidente Ivanov, de direita, recusou, por seu lado, que o líder dos sociais-democratas, Zaev, formasse um Governo de coligação com os partidos albaneses, apesar de ter uma maioria parlamentar, com 67 deputados.
Os albaneses representam 20% a 25% da população do país, que ascende a 2,1 milhões.
A União Europeia e os Estados Unidos da América (EUA) apelaram em vão a Ivanov para que mudasse de posição. A oposição de esquerda, por seu lado, apelou ao VMRO-DPMNE para que não jogasse a carta étnica e permitisse uma transição pacífica de poder.
Mas os simpatizantes de direita manifestam-se diariamente, desde há semanas, em Skopje, argumentando que um governo do SDSM e dos partidos albaneses ameaçaria a unidade nacional da Macedónia.
Rejeitam, em particular, a intenção de atribuir ao Albanês o estatuto de língua oficial no conjunto do país, o que, no seu entender, seria a primeira etapa do desmembramento deste.
A violência começou depois da eleição de Xhaferi e da proclamação de uma pausa por parte do presidente cessante.
Uma centena de manifestantes em cólera, alguns com bandeiras nacionais e a cantar o hino nacional, invadiram então as instalações do parlamento.
A União Europeia "condenou vigorosamente" este incidente, com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o comissário para o alargamento, Johannes Hahn, a declararem em comunicado: "A democracia deve seguir o seu curso. Saudamos como positiva a eleição de Talat Xhaferi".
Gruevski também lançou um apelo à calma, mas o SDSM considera-o inspirador da violência.
Várias horas depois do início do incidente, a polícia comunicou que começou a evacuação do edifício.
Desde há dois anos que a Macedónia está num impasse político, nascido da publicação de escutas ilegais que revelaram casos de corrupção, envolvendo as mais altas esferas do poder.
Os sociais-democratas acusam o chefe da direita, Nikola Gruevski, que era então o primeiro-ministro, de ser o mandante destas escutas de milhares de opositores e personalidades da religião, da comunicação social e da sociedade civil.