PP pressiona Arrimadas a ser candidata à Generalitat
O PP voltou ontem a apelar à líder do Ciudadanos na Catalunha, Inés Arrimadas, para que se apresente à investidura, de forma a que o voto útil das eleições de 21 de dezembro (de recordar que o Ciudadanos foi o partido mais votado) se transforme numa "vitória útil". Na opinião de Fernando Martínez-Maillo, o coordenador geral do PP, a cada dia que passa mais pessoas veem com preocupação que esse voto útil se está a tornar "uma vitória inútil".
"Não seria mau se Arrimadas deixasse de ser a estátua de sal e começasse a ter algum tipo de iniciativa", prosseguiu Martínez-Maillo, defendendo ser "inconcebível" para uma parte da opinião pública que o Ciudadanos ainda não tenha tomado "nenhuma iniciativa".
A pressão sobre o Ciudadanos não ficou por aqui, com o coordenador dos populares a afirmar que "parece" que não lhes interessa eleger um novo presidente para a Generalitat pois "estão mais preocupados com o seu crédito político" no resto de Espanha do que em "arriscar-se a uma investidura".
PP (26,3%) e PSOE (23,1%) continuam a ser as duas maiores forças políticas em Espanha, mas o Ciudadanos (20,7%) surge agora como o terceiro maior partido, ultrapassando o Unidos Podemos (19%), segundo o barómetro de janeiro do CIS, publicado ontem.
O Ciudadanos de Albert Rivera consolida a sua subida de apoio entre o eleitorado, que começou a desenhar-se durante a crise independentista - foi sempre a única força política a subir nestes barómetros - e se tornou uma certeza ao serem o partido mais votado nas eleições na Catalunha.
Desta forma, o Ciudadanos está apenas a 5,3 pontos do PP de Mariano Rajoy, que continua a ser o partido favorito entre os espanhóis, embora tendo perdido 1,7 pontos em relação ao estudo de opinião de novembro. O PSOE de Pedro Sánchez perdeu um ponto quando comparado com o barómetro anterior.
Na sexta-feira, o porta-voz do governo de Mariano Rajoy já havia sugerido que o Ciudadanos negoceie com o Podemos para tentar que estes apoiem uma possível candidatura de Inés Arrimadas à presidência da Generalitat. Mesmo que este apoio viesse a concretizar-se, os oito deputados do En Comú Podem (o Podemos na Catalunha), em conjunto com os votos de Ciudadanos, PP e PSC seriam insuficientes para derrotar a maioria independentista. Mas para Madrid serviria Roger Torrent, o presidente do Parlament, ter em cima da mesa outro candidato além de Puigdemont.
O Junts per Catalunya descartou ontem, após reunião do seu grupo parlamentar em Bruxelas, investir Carles Puigdemont como presidente da Generalitat através de uma Assembleia de Eleitos, disse Eduard Pujol, porta-voz adjunto da lista no Parlament. A ERC, por seu turno, vê a proposta com bons olhos.
Este mecanismo, que terá sido abordado nos encontros entre Junts e ERC, seria uma tentativa de permitir uma investidura dupla: a de Puigdemont na Bélgica através deste órgão, que ficaria como president simbólico, e a de outro candidato independentista no Parlament, que seria o líder efetivo do governo catalão, evitando assim um choque com o executivo de Mariano Rajoy.