Português em greve de fome em Cabo Verde promete que fica "até ao fim"

Carlos Guterres está sem comer em protesto por não conseguir viajar para Portugal com a sua mulher cabo-verdiana, a quem ainda não foi atribuído um visto.
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O português Carlos Guterres, que vive em Cabo Verde e não aceita a recusa de um visto para a mulher cabo-verdiana visitar Portugal, prometeu esta quarta-feira "ir até ao fim" com uma greve de fome, que hoje está no terceiro dia de protesto.

"Fisicamente ainda estou bem, mas começo a sentir o pensamento mais lento. Até agora, apenas bebi água e hoje comecei a beber água com açúcar", contou à agência Lusa, em frente ao Centro Comum de Vistos, na Praia.

Carlos Guterres, 60 anos, casado há três com Dulce Guterres, está há mais de oito anos em Cabo Verde. Atualmente, está sem ocupação, mas já trabalhou "com várias empresas".

O cidadão português diz ter já bilhetes de avião comprados para sexta-feira ir visitar Portugal, na companhia da sua mulher cabo-verdiana, com quem está casado há três anos e vive em Cabo Verde.

O Centro Comum de Vistos (CCV) recebe, avalia e decide os pedidos de visto para visitas de curta duração ao espaço Schengen de cidadãos cabo-verdianos e estrangeiros legalmente residentes em Cabo Verde.

Este organismo recusou o visto a Dulce Guterres, mulher do português em greve de fome, por alegadamente este não ter residência em Portugal.

A requerente apresentou um recurso desta decisão e por isso foi chamada para uma entrevista, terça-feira, onde terá sido avisada de que este tipo de situações pode levar à instauração de um processo, como contou a própria à Lusa.

Dulce Guterres diz-se ansiosa por conhecer Portugal, os filhos e netos do marido e também por visitar a sua irmã que lá vive.

"Vou continuar a lutar. Se existem leis, também existem seres humanos. Vou lutar por mim e pela outra pessoa. Vou lutar até ao fim, não vou desistir. Vou ficar aqui, mesmo que perca o trabalho, mesmo que perca tudo", referiu.

Carlos Guterres mantém a intenção de prosseguir com a greve de fome e garante que ainda não foram contactados por ninguém do CCV ou da Embaixada de Portugal em Cabo Verde.

Passou a noite com a mulher frente à entrada do CCV, em cima de uma manta, ao lado da qual se pode ler um cartaz: "Greve de fome".

Na terça-feira, fonte consular disse à Lusa que desde o início que aconselhou o cidadão português a esperar pela decisão do recurso apresentado, mas que este terá optado por manter a intenção de partilhar o seu caso com a comunicação social.

A mesma fonte acrescentou que ao CCV foi exigida isenção e o cumprimento da lei na reapreciação que está a ser feita e que não se deixasse influenciar por causa da situação nem da atitude do marido da requerente do visto.

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