Polacas atacam PM com informações sobre ciclo menstrual

Já são mais de seis mil os comentário no Facebook de Beata Szydlo, que apoia a proibição total do aborto.

Com uma das leis mais restritivas em relação ao aborto na União Europeia, a Polónia prepara-se para aprovar uma nova legislação que o tornará ilegal em qualquer circunstância. Em resposta, depois das manifestações de domingo em Varsóvia, que contaram com milhares de pessoas a favor da escolha, as mulheres começaram a atacar o Facebook da primeira-ministra com informações acerca dos seus ciclos menstruais.

"O governo quer controlar o nosso útero, ovários e gravidezes. Não é bom que se preocupe connosco? Vamos tornar esta tarefa mais fácil. Vamos manter a primeira-ministra Beata Szydlo a par dos nossos ciclos", diz o grupo organizador da iniciativa no Facebook.

As mulheres aderiram em peso, sendo já mais de seis mil os comentários feitos na página de Facebook da primeira-ministra polaca.

"Cara primeira-ministra, hoje senti um formigueiro no meu ovário esquerdo. Acho que estou a passar pela ovolução", escreve uma. "Porque a senhora está tão preocupada com os úteros das mulheres polacas, que pretende equipá-las com um polícia e um procurador... vou poupar-lhe algum trabalho... e informá-la gentilmente que o meu período está a chegar. Deve aparecer na terça-feira", conta outra. E assim sucessivamente, as mulheres polacas falam dos sintomas, das dores, dos dias do ciclo, dos dias férteis...

A iniciativa inspira-se numa ação semelhante que decorreu no estado do Indiana, Estados Unidos, quando o governador Mike Pence assinou uma lei restritiva em relação ao aborto.

Atualmente, na Polónia só é possível interromper a gravidez numa fase muito inicial e apenas quando esta representa uma ameaça para a vida ou saúde da mulher e do bebé, quando é diagnosticada ao feto uma deficiência permanente ou quando a gravidez resulta de um crime, como a violação ou o incesto.

De acordo com a agência Reuters, apenas se realizam algumas centenas de abortos por ano, embora os apoiantes da liberdade de escolha realcem que os abortos ilegais são comuns. O debate acerca do assunto recomeçou quando o governo de Beata Szydlo apoiou a proposta popular de tornar o aborto completamente proibido.

A proposta terá de ser considerada se conseguir mais de 100 mil assinaturas, conta o Quartz. No domingo, a Igreja manifestou apoio à iniciativa, com os padres a lerem uma mensagem que apela aos legisladores para que aprovem a proposta. Em algumas igrejas, grupos de mulheres e alguns homens abandonaram as missas.

À tarde, frente ao Parlamento, em Varsóvia, milhares de pessoas manifestaram-se contra a intenção de proibir o aborto. "Até as leis doa aborto no Irão são mais liberais do que esta proposta. É por isso que temos de protestar", afirmou uma das manifestantes.

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