"Carles Puigdemont é o nosso candidato e, sobretudo, é o candidato do Parlamento catalão", disse ontem a porta-voz parlamentar do Junts per Catalunya (JxC), Elsa Artadi, quando foi questionada sobre a hipótese de o seu nome estar em cima da mesa e gerar consenso nas negociações entre os partidos independentistas para a presidência da Generalitat. A economista, que nasceu em 1976 em Barcelona, estudou em Harvard e deu aulas numa universidade italiana será o plano B, segundo a rádio catalã RAC1, caso a investidura de Puigdemont se revele impossível. E pode tornar-se na primeira "presidenta" em mais de 600 anos de história deste cargo..A chefe de campanha do ex-presidente da Generalitat nas eleições de 21 de dezembro foi número 10 da lista do JxC e faz parte do núcleo duro da equipa de Puigdemont. Há dez anos estava, contudo, bem longo do palácio da Generalitat, dando aulas na Universidade de Bocconi, em Milão, e trabalhando pontualmente como assessora do Banco Mundial. A entrada para as instituições catalãs deu-se em 2010 como assessora do ex-conseller de Economia, Andreu Mas-Colell (que tinha sido seu professor na Universidade Pompeu de Fabra)..A partir daí foi sempre a subir, tendo sido diretora-geral de Impostos da Generalitat, responsável pelo lançamento da lotaria catalã, e, já na presidência de Puigdemont, diretora-geral de Coordenação Interdepartamental. Filiada no Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT) desde o verão de 2016, terá contudo deixado a formação política evocando "motivos pessoais", segundo o El País. Isto antes de o partido acabar em segundo plano na lista do JxC, totalmente centrada em Puigdemont..Artadi não respondeu diretamente aos jornalistas sobre se o seu nome estava em cima da mesa para a presidência da Generalitat, mas há dias admitia que estava interessada em assumir alguma pasta governamental no futuro governo. "Se digo que me excluo, mentiria, se digo que me ofereceram o cargo, também mentiria", afirmou, mostrando-se "muito feliz" simplesmente com a hipótese de trabalhar no Parlamento catalão..O nome de Artadi estará em cima da mesa para a presidência da Generalitat, num cenário em que Puigdemont se mantém como líder de facto a partir de Bruxelas. Mas isto depois de uma última tentativa para investir Puigdemont - o seu plano será uma alteração à Lei da Presidência que permitisse a investidura à distância (já recusada pelo Tribunal Constitucional). Se esta falhar, Puigdemont quer ser presidente do Conselho da República. Para evitar problemas com a justiça espanhola, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) defende que o cargo seja meramente simbólico. Independentemente de tudo, seria aprovado uma proposta de resolução (sem efeitos jurídicos, de leitura meramente política) no Parlamento catalão para reconhecer Puigdemont como o verdadeiro presidente..A ERC também não confirma a ideia de que Artadi será o plano B, com o porta-voz Sergi Sabrià a lembrar contudo que não cabe ao seu partido "pôr nomes alternativos sobre a mesa" - o JxC foi o partido independentista mais votado a 21 de dezembro. A Candidatura de Unidade Popular (CUP) insiste em querer saber os planos de governo, rejeitando falar sobre as negociações para a investidura, tendo já esta semana admitido que poderia apoiar outra pessoas que não Puigdemont, porque o que está em causa é o processo independentista e não é uma questão de nomes..Torrent visita presos.O presidente do Parlamento catalão, Roger Torrent, visitou ontem os quatro independentistas que estão presos em Madrid, ao abrigo do processo que mantém Puigdemont sob ameaça de prisão caso volte a Espanha. À saída da prisão de Estremera, onde visitou o ex-vice-presidente da Generalitat e líder da ERC Oriol Junqueras e o ex-conseller Joaquim Forn, Torrent disse que defenderá "até às últimas consequências" os direitos políticos de ambos. À tarde, foi até Soto del Real, para visitar Jordi Sánchez, ex-líder da Assembleia Nacional Catalã, e Jordi Cuixart, da Òmnium Cultural. Os quatro são "homens de paz" e "dignos", com "profundas convicções democráticas e que representam o povo catalão e nunca deviam estar presos pelas suas ideias", defendeu.