Príncipes, ministros e milionários. Elite saudita presa no Ritz-Carlton de Riade

Pelo menos 11 príncipes, quatro ministros e "dezenas" de ex-ministros foram detidos por ordem de um comité anticorrupção
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As dezenas de personalidades sauditas detidas na noite de sábado na Arábia Saudita durante uma operação anticorrupção, sem precedentes no reino, vão ser presentes a tribunal, anunciou esta segunda-feira o procurador-geral, Cheikh Saoud Al Mojeb. Até lá, continuarão detidas no hotel Ritz-Carlton de Riade, para onde foram levadas na noite de sábado e madrugada de domingo.

"Todas as pessoas suspeitas terão pleno acesso a todos os direitos de defesa e os julgamentos serão realizados de forma transparente", clarificou o procurador-geral num comunicado.

Entre os detidos estão dezenas de príncipes, ministros - atuais e antigos - e homens de negócios, cujas contas bancárias serão congeladas e objeto de investigação, enquanto os bens passam para o Estado, segundo anunciou o Ministério da Informação de Riade no domingo. O procurador-geral acrescentou que "já foram recolhidas provas importantes e foram feitos interrogatórios detalhados".

Exatamente por causa do estatuto dos suspeitos, estes foram detidos num hotel de cinco estrelas e não na prisão - uma ação que fosse percebida como um insulto poderia ter consequências graves num país com divisões tribais tão grandes como a Arábia Saudita, nota o jornal britânico Guardian.

Um dos detidos é o príncipe milionário Alwaleed bin Talal, um dos homens mais ricos do Médio Oriente e com investimentos na rede social Twitter, na Apple, no Citigroup, na News Corporation de Rupert Murdoch, na cadeia hoteleira Four Seasons e, mais recentemente, na Lyft.

Segundo a cadeia de televisão Al Arabiya, pelo menos 11 príncipes, quatro ministros e "dezenas" de ex-ministros foram detidos por ordem de um comité anticorrupção criado horas antes pelo rei Salman bin Abdulaziz.

O comité anticorrupção encontrou provas de "corrupção generalizada", afirmou em comunicado o presidente do comité, Khaled ben Abdelmohsen. "As autoridades sauditas anticorrupção (...) trabalharam meticulosamente durante três anos para investigar os crimes em questão", indicou.

O comité anticorrupção é dirigido pelo príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, e tem como missão investigar casos de corrupção detetados no reino, segundo informou ainda antes da notícia das detenções a agência oficial SPA.

O novo organismo tem o poder de emitir ordens de detenção e de proibição de viajar para o estrangeiro, além de poder congelar bens dos investigados e adotar outras medidas preventivas ainda antes de os casos chegarem a tribunal.

Ao mesmo tempo que criava o novo comité anticorrupção, o rei Salman anunciava alterações significativas nas autoridades do reino: destituiu o responsável da Guarda Nacional, o comandante da Armada e o ministro da Economia.

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