Pelo menos 14 rohingyas, a maioria crianças, morrem em naufrágio no Bangladesh
Pelo menos 14 refugiados da minoria muçulmana rohingya, a maioria crianças, perderam a vida num naufrágio ocorrido no golfo de Bengala, no Bangladesh, divulgou esta quinta-feira a polícia local.
Os refugiados que fugiam da Birmânia (atualmente Myanmar) não conseguiram sobreviver quando a embarcação em que viajavam naufragou.
"Até agora, 14 corpos foram transportados para perto da praia de Inani. São rohingyas", disse, em declarações à agência noticiosa France-Presse (AFP), Fazlul Karim, agente da polícia de Cox's Bazar (no sul do Bangladesh).
A mesma fonte precisou que as vítimas são 10 crianças e quatro mulheres.
Cerca de 480 mil rohingyas fugiram para o vizinho Bangladesh desde finais de agosto para tentar escapar a uma campanha de repressão do exército birmanês após ataques da rebelião jovem rohingya, segundo dados da ONU.
As Nações Unidas consideram que o exército birmanês e milícias budistas estão envolvidos numa limpeza étnica contra esta minoria muçulmana concentrada no estado de Rakine (anteriormente Arakan) no oeste da Birmânia, uma região historicamente conturbada.
[destaque:Estima-se que os rohingyas - uma minoria étnica não reconhecida pelas autoridades birmanesas - sejam cerca de um milhão, havendo entre 10 mil e 20 mil pessoas dessa etnia, exaustas, esfomeadas e por vezes feridas a franquear diariamente a fronteira para o Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo.]
A violência e a discriminação contra os rohingyas intensificaram-se nos últimos anos: tratados como estrangeiros na Birmânia, um país mais de 90% budista, são a maior comunidade apátrida do mundo.
Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada em 1982, têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).