Pela primeira vez em 200 anos, um imperador japonês quer abdicar do trono
Líder japonês declara que não quer continuar no comando do país se tiver de reduzir a sua participação na vida política japonesa
O imperador japonês Akihito anunciou hoje a intenção de abdicar do trono do Crisântemo nos próximos anos, delegando ainda em vida a posição ao seu filho mais velho, o príncipe Naruhito.
Segundo avança o NHK, o líder da monarquia japonesa deu a conhecer à Imperial Household Agency, organização estatal responsável pelas questões relacionadas com a família imperial, a sua intenção, embora, por enquanto, continue a exercer múltiplas funções constitucionais.
O imperador de 82 anos, cujo estado de saúde se tem vindo a agravar nos últimos anos (em 2004, teve cancro da próstata e em 2012 foi submetido a uma operação de bypass), terá assim expressado a vontade de não continuar no comando do regime quando se sentir forçado a reduzir a carga de responsabilidades.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Se esta intenção se concretizar, Akihito será o primeiro imperador a abdicar do trono japonês nos últimos 200 anos. A sua saída poderá provocar um novo debate em torno da legislação do Japão, que atualmente não apresenta qualquer recomendação para este cenário.
Akihito, cujo papel no país é largamente cerimonial (o Japão é uma monarquia constitucional com um regime parlamentar democrático), tem assumido as rédeas da nação há 27 anos. Profundamente respeitado pelos japoneses, o 125.º imperador dedicou o seu reinado à dissociação da monarquia do nacionalismo agressivo da II Guerra Mundial.
Em 1989, Akihito sucedeu a Hirohito, seu pai e imperador considerado pelos japoneses um "deus" até à entrada norte-americana na política do país, tendo desde então adotado um estilo moderno caracterizado pela aproximação da família imperial ao povo.