Parlamento aprova orçamento para 2016 centrado em poupança e cortes de pensões

Em 2016, o Estado grego prevê arrecadar cerca de 5.700 milhões de euros da subida de impostos e cortes nas prestações sociais
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O parlamento grego aprovou hoje de madrugada o Orçamento de Estado para 2016, o primeiro desenhado pelo Governo de Alexis Tsipras, documento centrado na poupança, no agravamento dos impostos e em cortes na despesa, sobretudo nas pensões.

A proposta, que tem em conta o terceiro resgate, foi aprovada apenas com os votos da coligação governamental, formada pelo Syriza (esquerda) e pelos nacionalistas do Gregos Independentes (direita), tendo sido rejeitada por toda a oposição.

Ao discursar no parlamento, Tsipras afirmou que o orçamento prioriza a justiça social e define as bases para o regresso ao crescimento económico, tendo pela frente agora a "redistribuição da riqueza".

Segundo Tsipras, a ação do executivo grego "está nos antípodas" da política neoliberal defendida pelos governos anteriores.

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A Grécia comprometeu-se com os credores a cortar, entre 2015 e 2016, 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nas pensões, o que se traduz numa poupança de 1.400 milhões de euros até ao final do próximo ano.

Yanis Plakiotakis, líder interino da conservadora Nova Democracia, a principal força da oposição, acusou o primeiro-ministro de não ter cumprido a promessa de acabar com os resgates financeiros.

"Tsipras começou a mudar a Europa e acabou por tornar-se escravo da Europa", afirmou Plakiotakis.

Vanguelis Meimarakis, também deputado da Nova Democracia e candidato à respetiva liderança, afirmou que o partido não estava disposto a apoiar um orçamento que impõe a subida dos impostos e cortes na despesa.

"Este orçamento é um saque aos salários da população e revela o logro cometido pelo Syriza desde as eleições", sublinhou Meimarakis, estimando que a verba destinada às pensões diminua em mais de 400 milhões de euros.

Tsipras "converteu-se no maior 'troikano' dos 'troikanos'", acusou.

A presidente do social-democrata PASOK, Fofi Yenimatá, foi também muito crítica na intervenção no parlamento, onde qualificou Tsipras como "o expoente máximo da direita" no país.

"Não há qualquer rasto de política social [no orçamento]", afirmou Yenimatá, que defendeu que Tsipras, em vez de "enfrentar os poderosos, como prometeu", acabou por "prejudicar os mais débeis" com a eliminação do subsídio para os reformados e a diminuição do valor das pensões.

Em 2016, o Estado grego prevê arrecadar cerca de 5.700 milhões de euros adicionais através da subida de impostos e de cortes nas prestações sociais.

O orçamento prevê uma poupança de 2.532 milhões de euros sobretudo nas despesas militares e no sistema de pensões. Ao mesmo tempo, pretende elevar as receitas em 3.201 milhões de euros, através da subida de vários impostos.

No total, o orçamento prevê despesas de 55.664 milhões de euros (83 milhões de euros mais do que em 2015) e receitas de 53.091 milhões de euros (436 milhões de euros mais do que no ano em curso).

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