"Os homossexuais querem dominar-nos" diz o novo ministro da Família

Lorenzo Fontana é contra o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo
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Lorenzo Fontana, ministro da Família do novo governo italiano chefiado por Giuseppe Conte, e membro do partido nacionalista Liga do Norte, fez questão de logo deixar bem clara a sua posição acerca dos homossexuais. "As famílias arco-íris [símbolo dos movimentos homossexuais] não existem na lei italiana", declarou o político, católico de 38 anos, ao Corriere della Serra no sábado. "Sou católico e acho que as crianças devem ter um pai e uma mãe", afirmou ainda.

Ao chegar ao palácio do Quirinal na sexta-feira, acompanhado da sua mulher e com a filha dos dois ao colo, disse: "Famílias são aquelas que são naturais, onde uma criança deve ter um pai e uma mãe (...) A família natural está a ser atacada. [Os homossexuais] querem dominar-nos e afastar a nossa gente", conta o Le Monde .

Na entrevista ao Corriere della Serra, Fontana afirmou que não é contra os homossexuais, e que tem "muitos amigos homossexuais", dizendo que essa não é a questão, mas sim a do modelo cultural e a estrutura familiar em causa.

A sua posição contra o aborto também é conhecida. Fontana já fez saber que apoiará as organizações que "tentam dissuadir as mulheres de abortar", declarando que "o aborto é a primeira causa da feminicídio no mundo." Por outro lado, a natalidade será prioritária na agenda do novo ministro, fez ainda saber.

O Movimento 5 Estrelas, que forma governo com a Liga do Norte numa coligação que tomou posse na última sexta-feira, já se demarcou das declarações de Fontana. "Não é um mistério que existem diferentes sensibilidades acerca de problemas éticos", afirmou ao Corriere della Serra Maria Edera Spadoni, vice-presidente da câmara de deputados do movimento 5 Estrelas, que classificou as declarações de Fontana como "inoportunas". O partido fez também saber que a questão das famílias homossexuais - o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado em 2016, no governo de Matteo Renzi - e a do aborto foram "afastadas da agenda política comum" à coligação dos dois partidos populistas.

Depois das polémicas declarações, a página oficial de Lorenzo Fontana foi atacada por hackers, que puseram anúncios de produtos para a disfunção erétil a aparecer nas pesquisas pela página.

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