Guaidó promete avançar "em força". O filme dos acontecimentos

Juan Guaidó lançou a Operação Liberdade ainda antes das 6.00 locais (11.00 em Lisboa). Ao fim do dia, prometeu voltar às ruas e ali permanecer até que o regime seja derrubado.
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- O presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, anunciou o início da fase final da Operação Liberdade para afastar Nicolás Maduro do poder e lançou um apelo aos venezuelanos para que saíssem às ruas. Eram 5.46 horas locais (10.46 em Lisboa) e estava junto à base aérea La Carlota, na zona de Altamira. Dizia ter o apoio das Forças Armadas e surgia num vídeo, partilhado no Twitter, à frente de vários militares.

- Nas imagens via-se também o líder opositor Leopoldo López, que estava em prisão domiciliária mas revelou ter sido libertado por militares às ordens de Guaidó. López foi preso em fevereiro de 2014, acusado de incitar à violência nos protestos dessa altura e estava em prisão domiciliária desde julho de 2017.

- Em Altamira, Guaidó e López estavam rodeados de uns 70 militares e outros apoiantes que começaram a chegar. Da base de La Carlota foi lançado gás lacrimogéneo e ouviram-se até trocas de tiros. Os militares que apoiam o presidente interino estão identificados pela cor azul: uma fita nos braços ou uma máscara a cobrir o rosto.

- Vários ministros e membros do Partido Socialista Unido Venezuelano (PSUV) reagiram aos acontecimentos. O responsável pela pasta da Comunicação, Jorge Rodríguez, disse que o governo estava prestes a "neutralizar um grupo reduzido de traidores militares que estão a promover um golpe de Estado". Já o líder do PSUV, Diosdado Cabello, falava num "pequeno levantamento de soldados traidores" apoiados pelos EUA.

- Venezuelanos queixavam-se de censura a vários meios de comunicação, ficando por exemplo sem sinal da CNN, mas também com acesso restrito a algumas redes sociais, como o YouTube.

- A comunidade internacional ia-se pronunciando sobre a libertação de López e o apelo de Guaidó. O presidente interino é reconhecido por uma meia centena de países: os mesmos que se pronunciaram para pedir um processo democrático pacífico, para apelar aos militares venezuelanos que se unam a Guaidó ou para expressar o seu apoio total. Da mesma forma, os que sempre apoiaram Maduro denunciaram a tentativa de golpe de Estado. Rússia manteve uma posição neutral, mas acusou a oposição de "incitar ao conflito".

- Quase cinco horas após ter sido publicado o vídeo de Guaidó, Nicolás Maduro reagiu no Twitter aos acontecimentos, assegurando que os líderes militares lhe expressaram "total lealdade" e apelando a uma "mobilização popular para assegurar a vitória da paz". A sua mensagem começava com a expressão "Nervos de aço".

- O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, enviou uma mensagem a Guaidó: "Estamos com vocês! A América estará com vocês até que a liberdade e a democracia sejam restauradas."

- Guaidó e López deixaram os arredores da base aérea de La Carlota e foram até à principal praça de Altamira, onde os apoiantes do presidente interino se reuniram. Guaidó diz que "este é o momento e que o "fim da usurpação" é irreversível. Junto à base, apoiantes de Guaidó e militares leais a Maduro envolveram-se em confrontos. Um veículo militar atropelou vários manifestantes.

- Nas redes sociais, há notícia de manifestações em várias cidades do país de apoio a Guaidó. E informações de confrontos entre manifestantes e membros da Guarda Nacional Bolivariana.

- Apoiantes de Maduro reuniram-se junto ao Palácio de Miraflores para apoiar o presidente. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, avisa: "Se for preciso usar as armas... vamos usá-las" e que quem chegue a Miraflores "pela violência será derrubado pela violência".

- Portugal, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, diz acompanhar o caso "com muita preocupação" e recomenda que os portugueses na Venezuela sigam os conselhos da embaixada e dos consulados. "Renovamos a nossa opinião de que a superação da crise política na Venezuela passa pela realização de novas eleições livres. E condenamos a violência, em particular a violência dirigida contra pessoas indefesas", escreve no Twitter.

- Mais de sete horas após o início da Operação Liberdade, os apoiantes de Guaidó caminham para o oeste da cidade, aparentemente para chegar ao Palácio de Miraflores. O presidente interino lidera a marcha, segundo o Centro de Comunicação Nacional, conta oficial do gabinete de Guaidó.

- O presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu no Twitter que está a monitorizar a situação da Venezuela. "Os EUA estão ao lado do povo da Venezuela e da sua liberdade", acrescentou.

- O opositor venezuelano Leopoldo López e a sua família entraram na Embaixada do Chile em Caracas como "convidados", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Roberto Ampuero.

- 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada do Brasil em Caracas. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o pedido foi aceite.

- O autoproclamado presidente interino da Venezuela promete fazer uma declaração cerca das 18:00 locais (23:00 em Lisboa).

- Enquanto se espera pela declaração do autoproclamado presidente da Venezuela, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que Nicolás Maduro estava pronto para deixar o país, mas o Kremlin fê-lo mudar de ideias. Já o presidente dos EUA, Donald Trump, no Twitter, responsabilizou Cuba pelo apoio dado ao regime venezuelano e ameaçou a ilha com um "embargo total" e "sanções ao mais alto nível"

- Serviços de saúde contabilizam pelo menos 69 pessoas feridas nos confrontos ao longo do dia.

- A noite cai em Caracas mas os apoiantes de Juan Guaidó não saem das ruas. Há relatos de confrontos em alguns locais. E mais manifestações prometem-se para este 1.º de Maio.

- Ao início da madrugada (hora de Lisboa), o ministro dos Negócios Estrangeiros chileno deu conta que Leopoldo López e a sua família já não estavam na embaixada do Chile, tendo sido transferidos para a embaixada de Espanha. "Trata-se de uma decisão pessoal, relacionada com o facto de a nossa embaixada já ter hóspedes".

- Juan Guaidó acabou por publicar nas redes sociais a prometida intervenção televisiva. Garantiu que a Operação Liberdade não terminou, pelo contrário, "entrou na fase final". E apelou à mobilização dos venezuelanos para que encham as ruas neste 1.º de Maio.

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