Onda de calor coze mexilhões dentro das conchas na Califórnia

As altas temperaturas estão a produzir aquela que parece ser a maior mortandade da espécie em 15 anos. E há receio de que os danos atinjam um ecossistema mais vasto.
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Em muitos anos de trabalho em Bodega Bay, a coordenadora da investigação na reserva marinha, Jackie Scones, diz nunca ter visto nada assim: dezenas de mexilhões mortos nas rochas, as conchas escancaradas e queimadas e o molusco totalmente cozido.

A onda de calor, que bateu recordes em junho, causou assim a maior mortandade de mexilhões em pelo menos 15 anos em Bodega Head, um pequeno promontório no norte da Califórnia. E Jackie Scones recebeu relatos de outros investigadores a dar conta de mortes similares de mexilhões em várias praias.

A coordenadora da reserva teme que este efeito devastador afete o restante ecossistema do litoral californiano. "Os mexilhões são conhecidos como uma espécie fundadora. O equivalente às árvores numa floresta - elas fornecem abrigo e habitat para muitos animais, então quando há um impacto nesse habitat central, ele reflete-se no resto do sistema ", disse Scones.

A reserva tem anos de estudo sobre a saúde dos oceanos e o aumento da temperatura da água e os seus efeitos na vida marinha. Mas há menos dados sobre o impacto deste tipo de eventos climáticos extremos isolados na atmosfera costeira.

O ecologista marinho da Northeastern University, Brian Helmuth, projetou um mexilhão-robô que pode medir e registar temperaturas como o animal as experimentaria. "Esses eventos estão definitivamente a tornar-se mais frequentes e mais severos", disse Harley, citando a diminuição das colónias de mexilhões ao longo da costa oeste, até a Colúmbia Britânica.

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