O prefeito que ganhou a eleição contra a ex-mulher
É próximo do ex-presidente Lula da Silva e, por isso, figura de peso no Partido dos Trabalhadores (PT). Foi o tesoureiro de campanha de Dilma Rousseff em 2014 e, por isso, citado na operação Lava--Jato por um construtor que o acusa de ter pedido financiamento em troca de contratos na Petrobras. Foi ministro da Comunicação Social de Dilma, mas ficou sem emprego por causa do impeachment da presidente e, por isso, resolveu concorrer à prefeitura de Araraquara, cidade que gerira com sucesso de 2001 a 2008. Essa mudança no percurso de Edinho Silva, 51 anos, no entanto, colocou-o numa situação inusitada: defrontou a ex-mulher, Edna Martins, na corrida eleitoral.
"Não tem problema nenhum, temos maturidade suficiente para nos respeitarmos e discutirmos apenas propostas", dizia ao jornal O Globo Edinho Silva durante a campanha. Edinho não se importou que Edna tivesse abandonado o PT, nas fileiras do qual se conheceram nos anos 1980, passado pelo Partido Verde (PV) e acabado no grande rival eleitoral, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que disputou as segundas voltas das últimas seis eleições presidenciais com os petistas. "Antes da política, temos uma relação pessoal de respeito, fomos casados, essa opção partidária dela é normal".
Edinho terminou com 41% e foi eleito prefeito - nas cidades com menos de 200 mil eleitores, como é caso de Araraquara, que tem em redor de cem mil, a segunda volta está dispensada - enquanto Edna se ficou pelos 28. No entanto, as sondagens falavam numa diferença muito mais expressiva. "Mas sofremos na pele a hostilidade contra o PT em geral por causa da Lava-Jato", notou Edinho. Roberto Massafera, líder do PSDB na cidade universitária do rico e desenvolvido estado de São Paulo, admite que a entrada em campo de um ilustre a nível local e até nacional, como Edinho, baralhou as contas de Edna: "Precisávamos de nos ter unido todos contra ele", disse. Incluindo o terceiro classificado Aluísio Boi, do outro grande partido brasileiro, o Partido do Movimento da Democracia Brasileira (PMDB), do presidente Michel Temer, que preferiu concorrer a coligar-se com Edna.
Se para a população araraquarense foi difícil decidir entre dois candidatos que se habituaram a ver do mesmo lado da barricada, o que dizer do filho em comum do casal. Com 27 anos, foi aconselhado pelos pais a abster-se. "Eu disse-lhe para ele ficar quieto lá onde ele trabalha, em Curitiba, e não vir votar à cidade, para não ter esse constrangimento de ficar dividido entre candidatos pai e mãe", afirmou Edinho, ao jornal Folha de S. Paulo. "Ele não votou mas de qualquer forma é um garoto muito bem resolvido", completou a mãe.
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