Phillip Lee. Quem é o médico que tirou a maioria a Boris Johnson?

O até agora conservador Phillip Lee protagonizou o momento da tarde na Câmara dos Comuns, ao sentar-se na bancada dos liberais-democratas -- e dessa forma acabou com a maioria parlamentar dos <em>tories</em>.
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Em junho de 2018 foi o primeiro membro do governo de Theresa May a demitir-se em desacordo com a estratégia da então primeira-ministra. Phillip Lee, de 48 anos, queria um segundo referendo e que o Parlamento tivesse a palavra final. No mesmo dia em que anunciou a renúncia, o governo cedeu e uma moção foi aprovada a dar aos deputados poderes de decisão quanto ao acordo de retirada da União Europeia.

Phillip Lee, formado em biologia, antropologia biológica e medicina, é médico de família em tempo parcial e deputado desde 2010 pelo círculo de Bracknell, a meia centena de quilómetros de Londres. Enquanto candidato pelo Partido Conservador, em 2015, obteve a "mais ampla maioria na história da circunscrição eleitoral", segundo a sua página pessoal. Em 2017, Lee garantiu "o melhor resultado conservador no vale do Tamisa".

Em julho de 2016 integrou o executivo de Theresa May como secretário de Estado da Justiça para a juventude, vítimas, delinquentes femininos e saúde dos delinquentes.

Desde a sua demissão tem feito campanha pelo segundo referendo. "Temos de lidar com a realidade, não com a fantasia. Temos de ser honestos connosco e com os nossos eleitores. Cada um de nós tem de fazer juízos sobre o que é do interesse dos nossos círculos eleitorais e do nosso país, sem medo ou favor", disse na antevéspera da histórica derrota de Theresa May na Câmara dos Comuns, em janeiro.

Como o seu círculo votou no referendo de 2016 pela saída da UE (53%), no dia 1 de junho a associação de conservadores de Bracknell aprovou uma moção de censura ao deputado. O médico e deputado afirmou que o voto não o obrigava a tomar qualquer decisão e que a moção era resultado de "uma campanha orquestrada e destrutiva de fora do partido". Lee tinha advertido que das 53 pessoas que assinaram a petição a exigir uma moção de censura mais de metade tinha entrado na associação há menos de um ano.

"Sem-abrigo político"

No entanto, deixara em aberto a saída: "No futuro poderei ou não decidir continuar como membro do Partido Conservador no Parlamento e a Associação Conservadora de Bracknell pode ou não decidir que desejam reintegrar-me como candidato do Partido Conservador", disse à BBC.

Já no início de agosto Lee disse que ia refletir sobre a continuidade no partido e falava-se na hipótese de se juntar aos liberais-democratas. "Neste momento, sinto-me cada vez mais um sem-abrigo político. O partido a que me juntei foi o partido de John Major e John Major, penso, está provavelmente a sentir-secomo eu a julgar pelas suas contribuições nas últimas semanas. De facto, não estou confortável sobre o meu partido pressionar por um Brexit sem acordo sem o consentimento devido do público", disse num podcast com o colega de partido Sam Gyimah.

Ao demitir-se, lamentou que o partido tenha "ficado cada vez mais infectado com as doenças gémeas do populismo e do nacionalismo inglês".

Partido Liberal-Democrata, o mais claro sobre a estratégia a adotar quanto ao Brexit -- é visceralmente contra e lançou a campanha Bardamerda para o Brexit -- tem vindo a subir nas sondagens, até à publicada hoje, da YouGov, na qual cai cinco pontos. Se na anterior surgia em terceiro, a apenas um ponto percentual dos trabalhistas, agora caiu nas intenções de voto para 16% -- ainda assim o dobro do que obteve nas eleições de 2017.

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