Novo vírus mata em Pequim. Veja o mapa interativo da progressão da doença
Um homem é a primeira vítima mortal do coronavírus na capital chinesa, Em Wuhan, dirigentes governamentais aceitam as críticas de reação tardia e admitem a demissão. A O Organização Mundial da Saúde corrigiu a avaliação de risco para elevada.
As autoridades de Pequim confirmaram esta segunda-feira a primeira morte na capital chinesa de uma pessoa infetada pelo novo coronavírus, estirpe detetada na China e que já causou várias dezenas de vítimas mortais naquele país. Isto no mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu a sua avaliação do risco do coronavírus que surgiu na China, considerando-o "elevado" para o nível internacional, depois de tê-lo descrito como moderado por "erro de formulação".
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Em Pequim, a vítima mortal é um homem de 50 anos que esteve na cidade de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus, no passado dia 8 de janeiro, segundo o comité de saúde pública de Pequim, que precisou que o paciente morreu devido a uma insuficiência respiratória. A mesma fonte explicou que o homem começou a apresentar sintomas, nomeadamente febre, após de ter regressado a Pequim, sete dias depois.
A China tinha elevado para 80 mortos - antes de ser anunciado este caso em Pequim - e mais de 2.700 infetados o balanço de vítimas do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro). Entre os casos de infeção referenciados até à data pelas autoridades, 80 foram registados em Pequim, cidade com 20 milhões de habitantes.
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Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Camboja, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.
Mapa interativo
Para haver um acompanhamento da evolução, aUniversidade Johns Hopkins, nos EUA, criou um mapa interativo que mostra, praticamente em tempo real, o número de casos de coronavírus confirmados no mundo. O mapa utiliza as bases de dados da Organização Mundial de Saúde, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças e a Comissão Nacional de Saúde da China.
Clique na imagem para ver o mapa

As autoridades chinesas, que já admitiram que a capacidade de propagação do vírus se reforçou, decretaram restrições drásticas de viagens em todo o país para tentar conter a propagação do surto. Wuhan, cidade com 11 milhões de habitantes, está em quarentena e isolada do mundo desde a passada quinta-feira. A maioria das lojas de comércio em Wuhan está encerrada e está proibida a circulação de veículos não essenciais.
Pequim, por sua vez, interrompeu a circulação de autocarros de longa duração de ou para a capital chinesa.
Dirigentes admitem renunciar em Wuhan
As principais figuras do governo e do Partido Comunista em Wuhan, cidade chinesa de onde é originário o coronavírus, propuseram esta segunda-feira a demissão, assumindo "toda a responsabilidade".
As autoridades propuseram renunciar aos respetivos cargos face a crescentes críticas sobre a resposta inicial ao surto, que foi detetado no mês passado na cidade e acabou por se espalhar por todo país.

Primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, visitou a região de Wuhan
© EPA/SHEPHERD ZHOU
Inicialmente as autoridades locais reportaram apenas 41 pacientes, todos em Wuhan, e descartaram que a doença fosse transmissível entre seres humanos, mas o número de infetados aumentou rapidamente nas últimas duas semanas e atingiu os 2.744, tendo já provocado a morte de 80 pessoas.
Zhou Xianwang, líder do governo local, disse em entrevista à emissora estatal CCTV que ele e Ma Guoqiang, secretário do Partido Comunista em Wuhan, propuseram renunciar aos cargos para "apaziguar a indignação pública". Zhou disse que ambos assumem responsabilidade pela crise.
"Os nossos nomes viverão na infâmia, mas se for propício para o controlo da doença e a proteção da vida e da segurança das pessoas, o camarada Ma Guoqiang e eu assumiremos qualquer responsabilidade", disse Zhou.
Funcionários da saúde em Wuhan acusaram o governo local de reagir muito lentamente à crise, enquanto os residentes apelaram nas redes sociais sobre a quarentena de facto que foi imposta na cidade, com saída e entradas interditas pelas autoridades. Zhou Xianwang defendeu a medida, que isolou a sétima maior cidade da China, com 11 milhões de pessoas, considerando-a uma restrição "sem precedentes na história humana".
OMS corrige para risco elevado
A Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu a sua avaliação do risco do coronavírus que surgiu na China, considerando-o "elevado" para o nível internacional, depois de tê-lo descrito como moderado por "erro de formulação".
No seu relatório sobre a situação, publicado nas primeiras horas desta segunda-feira, a OMS indica que sua "avaliação de risco (...) não mudou desde a última atualização (22 de janeiro): muito alto na China, alto no nível regional e em todo o mundo".
Em relatórios anteriores, a agência especializada das Nações Unidas apontou que o risco global era "moderado". "Foi um erro de formulação nos relatórios de 23, 24 e 25 de janeiro, e nós já o corrigimos", explicou à AFP uma porta-voz da instituição.
Na semana passada, a OMS considerou "muito cedo para falar de uma emergência de saúde pública de alcance internacional". "Ainda não é uma emergência de saúde global, mas pode vir a ser", disse o responsável da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que viajou para a China.
Trump oferece ajuda
Donald Trump recorreu ao Twitter para anunciar que os EUA estão disponíveis para ajudar a China. "Os nossos peritos são extraordinários", diz o presidente norte-americano.
Os Estados Unidos estão a seguir com muita atenção o que se passa na China e o consulado em Wuhan, a cidade mais afetada, tenciona recorrer a um voo fretado para retirar o pessoal diplomático e outros norte-americanos.