Novo líder de esquerda e sobrinho de Edir Macedo na 2.ª volta em São Paulo e no Rio

Segundo as sondagens à boca da urna, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Sem Teto, e Marcelo Crivella, o atual prefeito, vão defrontar os favoritos Bruno Covas e Eduardo Paes, respetivamente, nas duas metrópoles. No Recife, duelo de primos como esperado
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As duas principais cidades do Brasil vão ter segundas voltas nas eleição municipais, a julgar pelas sondagens à boca de urna do instituto de pesquisas Ibope: em São Paulo, o atual prefeito, Bruno Covas, com 33%, e Guilherme Boulos, do esquerdista PSOL, com 25%, vão decidir daqui a dois fins de semana quem é o novo autarca da cidade de 12 milhões de habitantes. No Rio de Janeiro, o ex-prefeito Eduardo Paes ganhou a primeira volta com a vantagem expressiva já esperada: 39%, quase o dobro do segundo classificado, o atual prefeito, Marcelo Crivella, o sobrinho de Edir Macedo apoiado por Jair Bolsonaro.

Voltando a São Paulo, desilusão para o registo de Celso Russomanno, o candidato dos Republicanos, partido conotado com a IURD, e apoiado pelo Presidente da República, com meros 8%, tantos como o candidato do PT, Jilmar Tatto, e Mamãe Falei, o político liberal na economia do Patriota. Pelo meio, ficou ainda Márcio França (PSB), com 13%.

Covas, 40 anos, é do PSDB, partido com forte implantação no estado de São Paulo e na cidade em primeiro lugar, e assumiu o cargo após João Doria, a meio de 2018, decidir concorrer e ganhar a corrida para o governador do estado. Neto de Mário Covas, fundador do PSDB ao lado de Fernando Henrique Cardoso e outros, Bruno comoveu os eleitores ao passar por tratamento de quimioterapia durante o seu mandato em virtude de um cancro no trato digestivo.

Boulos, que já fora candidato à presidência em 2018, é apontado como uma das principais lideranças da "nova esquerda", isto é, além do PT. Lula da Silva, no entanto, o líder espiritual do partido deve pedir o voto no político de 38 anos, com quem tem relação de amizade, na segunda volta. Boulos tornou-se sobretudo conhecido pela ação como presidente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

No Rio, além de Paes e Crivella, que seguem para a segunda volta, destaque para a ultrapassagem pela esquerda de Benedita da Silva (com 14%), a candidata do PT, a Delegada Martha (com 11%), a candidata do PDT, partido de Ciro Gomes, o terceiro classificado em 2018 nas presidenciais.

A terceira eleição já com dados de boca de urna é no Recife, capital de Pernambuco, onde concorriam dois primos, João Campos, do PSB, e Marília Arraes, do PT, ambos de esquerda. E os dois lutarão pela prefeitura na segunda volta, relegando Mendonça Filho (do DEM, de centro-direita), um ex-ministro de Michel Temer, para o terceiro lugar. Campos somou 35% e Arraes 30%, mais do que as sondagens previam.

Houve eleições em 5564 dos 5565 municípios do Brasil - a exceção foi Macapá, com as eleições adiadas em virtude do apagão que afetou a capital do esatdo do Amapá por duas semanas.

Entretanto, trinta candidatos foram presos em todo o Brasil, vinte dos quais por fazer campanha à boca de urna. O estado de Sergipe foi o que registou o maior número de presos: 9.

Um total de 1 700 urnas eletrónicas foram substituídas, o equivalente a 0,38% do total, por problemas técnicos. O juiz Luís Roberto Barroso, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, revelou ainda que foi registada uma tentativa de ataque por hackers aos sistemas do tribunal mas neutralizada.

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