Nova baixa no governo. Secretário de Estado sai por May estar a "negociar com um marxista"
"Parece que a senhora e o seu gabinete decidiram que um acordo - negociado com um marxista que nunca na vida pôs os interesses britânicos em primeiro lugar - é melhor do que sair sem acordo. Discordo profundamente e decidi que tenho de entregar, relutantemente, a minha demissão", escreveu Nigel Adams numa carta entregue à primeira-ministra Theresa May.
O secretário de Estado para o País de Gales é a primeira baixa no executivo britânico depois de, na terça-feira, May ter anunciado que vai pedir uma nova extensão curta do artigo 50, adiando a saída do Reino Unido da UE, agora marcada para 12 de abril. Tudo para poder negociar com o líder trabalhista, Jeremy Corbyn.
No Twitter, Adams agradeceu a oportunidade de servir como secretário de Estado e garantiu que vai continuar a servir os seus eleitores no Parlamento.
Depois de ver o acordo a que chegou com os 27 Estados-membros da UE ser rejeitado por três vezes pelos deputados e de estes terem também rejeitado todas as outras alternativas, May decidiu avançar para negociações diretas com o líder da oposição de forma a evitar uma saída sem acordo no dia 12.
A primeira-ministra deverá reunir-se ainda esta quarta-feira com Jeremy Corbyn. Este defende a permanência do Reino Unido na união aduaneira após o Brexit e garante que a proteção dos direitos dos cidadãos europeus é uma prioridade. O líder trabalhista sublinhou que vai para as negociações sem pré-condições, mas que isso não significa que esteja disposto a passar um "cheque em branco" a May.
May conseguiu de Bruxelas o adiamento da data do Brexit para 12 de abril, sendo que estava inicialmente previsto para 29 de março (a última sexta-feira). Até à nova data, e depois de o seu acordo ter sido rejeitado pela terceira vez, a primeira-ministra tem de explicar aos restantes países-membros o que quer fazer. Qualquer adiamento longo, para lá de 22 de maio, implica a participação dos britânicos nas eleições europeias. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, escreveu no Twitter que era preciso ser "paciente" com o Reino Unido.