Mugabe garante que não tenciona impor um sucessor

Presidente do Zimbabué celebrou nesta semana o 93.º aniversário. Eleições são em 2018.
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O aniversário foi na terça-feira, mas foi ontem que Robert Mugabe reuniu os apoiantes para uma grande festa a assinalar os seus 93 anos. O presidente do Zimbabué garantiu que não tenciona impor um sucessor e que se o seu partido, a ZANU-PF, assim o exigir, pode realizar um congresso para escolher um novo líder. Mugabe, que, primeiro como chefe do governo e depois como chefe do Estado, domina com mão de ferro a política do Zimbabué desde que o país se tornou independente do Reino Unido, em 1980, é dado como certo na corrida às presidenciais do próximo ano.
Líder mais velho no poder no mundo, Mugabe dirigiu-se à multidão que se reuniu em Bulawayo, a segunda maior cidade do Zimbabué, para afirmar: "As pessoas dizem "Presidente, escolha um sucessor antes de se retirar", mas isso não é uma imposição? Não estarei a impor uma pessoa ao partido? Não, não quero isso." E sugeriu que, se assim o entender, a ZANU-PF deve organizar um congresso extraordinário para escolher um novo líder.
Mugabe é acusado de ser responsável pela ruína do que chegou a ser um país promissor devido às suas políticas: como a apreensão das terras dos proprietários brancos e a sua entrega aos negros, mal preparados para as cultivar. Visto como um pária no Ocidente, o presidente do Zimbabué atribuiu a sua longevidade à missão que lhe foi dada por Deus de "realizar todos os desejos e satisfazer todas as necessidades dos zimbabuense".

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Envergando um chapéu de cowboy e um blazer com as cores nacionais e o seu rosto reproduzido - obra da sua mulher, Grace, que usou um vestido com o mesmo padrão -, Mugabe soprou as velas de um bolo de 96 quilos encomendado a um fabricante local. O bolo tinha a forma do Zimbabué e, claro, o rosto de Mugabe estampado na cobertura.
Apesar das garantias deixadas ontem pelo próprio, Mugabe parece pouco disposto a abandonar. E ainda há dias Grace Mugabe garantia num comício que "mesmo morto", o marido ainda se podia candidatar às próximas presidenciais. Já antes a primeira-dama havia afirmado que se fosse necessário, levaria o marido de cadeira de rodas até à urna de voto. "Se Deus decidir levá-lo, o melhor seria candidatá-lo mesmo já cadáver", garantiu agora a primeira-dama sob os aplausos dos apoiantes. E deixou o alerta a todos os próximos do marido, dos tempos da guerrilha contra o regime de minoria branca, que tenham ambições presidenciais: não tentem chegar ao poder porque também são velhos.
Aos 51 anos e casada com Mugabe desde 1996, Grace Mugabe é muitas vezes apontada como possível sucessora do marido no poder.

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