Investigadores: Míssil que abateu MH17 foi disparado por separatistas e "veio da Rússia"
As conclusões são de uma equipa de procuradores de vários países. O Kremlin já desmentiu esta informação
Uma investigação liderada por uma equipa holandesa concluiu que o míssil que abateu o avião da Malaysia Airlines sobre a Ucrânia, matando 298 pessoas, foi disparado de território controlado pelos rebeldes ucranianos apoiados pela Rússia e que "veio do território da Federação Russa". O relatório apresentado esta quarta-feira diz ainda que o sistema de defesa antiaérea voltou para a Rússia nessa mesma noite. O Kremlin já negou esta informação.
"Com base na investigação criminal, concluímos que o voo MH17 foi abatido por um míssil Buk da série 9M83 que veio do território da Rússia", disse o holandês Wilbert Paulissen, na apresentação desta quarta-feira, em Nieuwegein, na Holanda.
A equipa de procuradores da Holanda, Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia apresentou gravações de telefonemas, relatos de testemunhas que dizem ter visto o sistema de defesa antiaérea Buk, armado com mísseis terra-ar, ser transportado da Rússia para a Ucrânia, e apresentou ainda vídeos e fotografias.
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Uma imagem dos destroços do avião da Malaysia Airlines, perto de Hrabove, na região de Donetsk
© REUTERS/Maxim Zmeyev/File Photo
O local de onde o míssil foi disparado foi identificado por "muitas testemunhas", disseram, apesar de os separatistas ucranianos terem sempre negado o seu envolvimento.
Também o Kremlin insistiu, já esta quarta-feira, que a informação de radar mostra que o míssil não foi disparado de território controlado pelos separatistas pró-Rússia. "Informação de radar identificou todos os objetos voadores que podiam ter sido lançados ou estar no ar sobre o território controlado pelos rebeldes naquele momento. A informação é clara... não há um rocket. Se houvesse um rocket, só podia ter sido disparado de outro lado", disse Dmitry Peskov, citado pela Reuters.
Outro alto responsável russo, Leonid Slutsky, disse que as conclusões são "extremamente políticas" e que as declarações de hoje são "provocações", que visam apenas "marginalizar a imagem da Rússia no espaço global político e informativo".
A equipa de procuradores preocupou-se em apresentar um relatório com provas que possam ser aceites em tribunal, salienta o The New York Times, acrescentando que o documento pode abrir uma batalha diplomática e legal sobre a tragédia.
As autoridades russas já tinham criticado duramente as conclusões finais de uma investigação holandesa apresentada em 2015, que tinha indicado que o avião tinha sido abatido por um míssil de fabrico russo.
O avião MH17 fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur, na Malásia, em julho de 2014, com 298 pessoas a bordo, quando foi atingido por um míssil, em espaço aéreo ucraniano.
Artigo atualizado. Incluídas declarações do Kremlin